“O ambiente e a economia podem andar de mãos dadas”, começou por dizer Filipe Camelo, Presidente da Câmara Municipal de Seia, na ação de sensibilização ambiental promovida na sexta-feira com o objetivo de dotar os trabalhadores da autarquia de uma perspetiva “mais economicista” na utilização dos recursos disponibilizados.
A estratégia da autarquia apresentada aos trabalhadores assenta na prevenção da produção de resíduos, através da alteração de estilos de consumo e de padrões comportamentais, e na valorização de resíduos e da redução da sua produção na origem, indo de encontro às metas comunitárias de reciclagem para 2020.
A ideia é que “o dinheiro não vá para o lixo” e possa ser canalizado para outros setores, porque o “lixo fica muito caro”, frisou na ocasião Filipe Camelo.
Os dados da autarquia são claros: em média 5 a 10% do orçamento municipal de Seia é gasto na recolha e tratamento de resíduos, o que em números representa mais de 700 mil euros por ano- cerca de 2.000€ por dia e 60.000€ por mês.
E se, em vez de se gastar dinheiro em lixo, se aumentar os níveis de urbanidade! Filipe Camelo deu um exemplo, se cada munícipe produz quase 1 quilo de lixo por dia (produção de resíduos Kg/dia/hab) e se tratar mil quilos de lixo custam aproximadamente 90 euros à autarquia, então a fatura do lixo de um dia daria, por exemplo, para pagar 1500 refeições escolares. É, pois nesta lógica que o município traçou a meta de redução de 50 toneladas de resíduos indiferenciados num ano, o que equivale mais ou menos a 2 quilos por habitante durante 1 ano.
O desafio para reduzir na origem passa exatamente pela valorização dos resíduos numa lógica de economia circular, que é conseguido com a deposição dos materiais nos contentores de reciclagem, estes sim com valor e sem custos acrescidos para a autarquia.
Para o efeito, serão criadas maiores condições logísticas apropriadas no concelho, à semelhança da ação promovida com os trabalhadores com a entrega de caixas “Ponto Azul”, tendo em vista elevar os índices de deposição seletiva, neste caso particular, de todo o papel e cartão utilizado nas rotinas normais de trabalho.
A capacidade de Recolha Seletiva no território vai ser substancialmente ampliada (passando de 141 para 268 ecopontos), através da colocação de 92 novos conjuntos trifluxo para (vidrão, embalão e papelão) de ecopontos de superfície em todo o concelho e a implementação de 35 Ilhas Ecológicas, com contentores enterrados (trifluxo e indiferenciados).
Na mesma linha de valorização dos resíduos, em 10 das referidas Ilhas Ecológicas vai ser implementado um novo sistema chamado PAYT “Pay-As-You-Throw”, projeto piloto que incentiva, por via financeira, os cidadãos a separar os resíduos, permitindo aumentar as taxas de recolha seletiva, sendo uma alternativa ao modelo atual do pagamento da recolha e tratamento dos resíduos urbanos indexados à fatura da água, que não é um método justo para o consumidor consciente e amigo do ambiente.
A estratégia de um desenvolvimento sustentável ambicionado para o concelho não é algo novo. Esta é sustentada num conjunto de iniciativas desenvolvidas nos últimos anos pelo executivo liderado por Filipe Camelo, como na ocasião o mesmo referiu.
São exemplos disso, o plano de ação da Agenda 21 Local, em 2011, o projeto Eco2Seia, que valoriza as boas práticas ambientais em matéria de gestão de energia, apoiada mais recentemente pela Loja de Poupança Energética, a integração da rede de ClimaAdapt, que visa delinear um plano de adaptação às alterações climáticas.
Na mesma linha orientadora, destacar igualmente as obras que o Município de Seia se encontra a executar e as que se prepara para lançar no âmbito do fecho dos Sistemas de Abastecimento de Água em Baixa, Sistemas de Saneamento de Águas Residuais e Operações. Promovidas ao abrigo do POSEUR – Programa Operacional Sustentabilidade e Eficiência no Uso dos Recursos, as obras ascendem aos 4.000.000€ que visam a redução da poluição urbana nas massas de água, com o objetivo primordial de proteger o ambiente e promover a eficiência dos recursos.
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