Ainda alguns foliões deambulavam anarquicamente depois de uma noite de folia que se prolongou pela tarde do dia seguinte quando bombos vindos de Amarante deram os primeiros sons para o primeiro corso diurno da edição de 2017 do “Carnaval mais português de Portugal”.
Com uma temperatura primaveril por vezes a fazer lembrar os carnavais tropicais e árvores já a florir, uma “multidão foliona” começou aos poucos a convergir para a zona central de uma cidade onde se instalou um estranho regime político (talvez definível como uma “monarquia anarquico-foliona”), na qual já se encontravam os carros alegóricos que espalhariam pelos metros que iriam galgar ao longo da tarde a sátira política e social típica do Carnaval de Torres.
São oito ao todo, produzidos por empresas locais, que juntam à alegria típica do Carnaval de Torres Vedras a inteligência que traz por esta altura órgãos de comunicação social de todo o mundo a esta cidade: “Taça Eiffel”, “A Geringonça”, “Que Susto”, “O Dono dos Brinquedos”, “Dominó da Europa”, “Caçando Zékemons”, “To(y)rres stories, em busca do Choupal Perdido”, para além do Carro dos Reis, são os carros alegóricos que este ano podem ser vistos no Carnaval de Torres.
Para além dos carros alegóricos e da habitual “exótica fauna” do Carnaval de Torres, constituída por grupos carnavalescos e de mascarados, “matrafonas” e outros mascarados espontâneos, “cavalinhos”, grupos de percussão, Cabeçudos e os sempre criativos carros espontâneos, de salientar também o grande número de famílias que trouxeram as suas crianças neste Domingo Gordo a brincar neste Carnaval que é feito por todos e em que todos participam. Uma festa popular no verdadeiro sentido da palavra!
A esse propósito de referir a grande afluência que se tem registado nas bilheteiras do Carnaval de Torres, às quais têm acorrido foliões de todas as idades.
Nota também para a presença de um grupo de majorettes de Wellington, do “light man” também vindo desta cidade inglesa, da Banda d’ Órnon (municípios geminados com o de Torres Vedras), para além de professores das majorettes de La Roche-Chalais, e de muitos rostos asiáticos que vieram talvez em busca das origens do padre jesuíta Cristóvão Ferreira, personagem interpretada por Liam Nesson no recém-estreado filme “Silêncio”, nascido no concelho de Torres Vedras e falecido no Japão no século XVII.
Também nesta tarde de domingo, dia religioso de descanso para os cristãos, esteve neste Corso o padre Vítor Melícias (não apenas o Cabeçudo, mas o próprio) a “abençoar” este dia sagrado para o Carnaval de Torres.
No final da tarde foram entregues os prémios do concurso de grupos de mascarados que teve lugar no decorrer do Corso de sábado à noite em que participaram mais de dois mil foliões integrados em 47 grupos, que apresentaram dessa forma o árduo trabalho de confeção de vestidos e até de coreografia realizado nas semanas que antecederam o Carnaval. “Para Andar tem de montar” ganhou os prémios do público e dos grupos e “Foliões cá do sítio – Pula folião” o da Real Confraria do Carnaval de Torres.
Mas todos os grupos de mascarados estão de parabéns, não só os que participam na edição deste ano do Carnaval de Torres, mas todos os que sempre participaram e que, na maior parte dos casos trazendo a alegria genuína das aldeias do concelho de Torres Vedras à cidade, nas últimas décadas muito contribuíram para o aumento da dimensão e da qualidade daquela que é provavelmente a maior festa de entrudo de Portugal e já uma referência a nível internacional.
A alegria e energia do Tócandar que arrasta sempre uma pequena multidão eufórica atrás de si “rematou” o Corso de Domingo Gordo do Carnaval de Torres.
A folia continua amanhã em Torres Vedras com o Baile Máscaras Tradição, à tarde, e à noite com o Corso Trapalhão no decorrer do qual se realizará o concurso de “matrafonas”.
O Carnaval de Torres pode ser acompanhado a par e passo no respetivo facebook e em: www.carnavaldetorres.com.
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