Terminada mais uma edição do Festival Internacional de Música da Póvoa de Varzim, a 35ª, importa realçar a qualidade e prestígio que distinguem o evento, pelo qual terão passado cerca de 4 600 pessoas.
João Marques, Diretor do FIMPV, partilha algumas impressões revelando que a afluência correspondeu aos padrões habituais, com a média de ocupação a rondar os 94% e alguns dos concertos a terem procura a exceder a lotação.
Assim o prova o último concerto, no passado sábado, 27 de julho, que teve lotação esgotada. L’Arpeggiata de Christina Pluhar com as vozes de Mísia e Vincenzo Capezzuto e a sensacional Anna Dego (dança) conferiram ao espetáculo uma fascinante interação com o público.
Destaque ainda para a atuação de Pedro Burmester, a solo e com o Quarteto de Matosinhos, da qual ficou sobretudo na memória a leitura arrebatada do radioso Quinteto de Schumann.
Dos três solistas e agrupamentos pela primeira vez no FIMPV, o belga Vox Luminis revelou uma admirável qualidade vocal e preciosos detalhes da estética barroca. O violoncelista Pavel Gomziakov, docente na Universidade do Minho, atraiu ao nosso Auditório numerosos admiradores, tendo exibido um peculiar fraseado de grande elegância; fez parceria com o pianista canadense Louis Lortie, detentor de excelente técnica e musicalidade (confirmou o enorme prestígio de que goza nos países anglo-saxónicos). Por sua vez, Os Músicos do Tejo revelaram excelente trabalho de conjunto, com um programa centrado nas intervenções de Sandra Medeiros (flexibilidade vocal e grande empatia com o público); Marcos Magalhães foi um solista inspirado no concerto para cravo de Carlos Seixas, uma das joias do barroco português.
O FIMPV 2013 abriu com mais uma notável conferência de Rui Vieira Nery sobre Benjamin Britten. Outro interessante encontro decorreu com Madalena Sá e Costa que, em conjunto com o jornalista Jorge Rodrigues, discorreu sobre a pianista Helena de Sá e Costa, sua irmã, na passagem do 100º aniversário do seu nascimento.
Dois concertos foram dedicados a jovens músicos portugueses: o Quarteto Verazin que interpretou obras de Beethoven e Borodin em S. Pedro de Rates; no mesmo recinto, um programa setecentista alemão, francês e ibérico foi defendido pelo Heptachordum (agrupamento vencedor do Prémio Jovens Músicos 2012 da Antena 2, modalidade “Música Antiga”).
Registe-se a confirmação das carreiras excecionais de figuras que passaram anteriormente pelo FIMPV. A música das peregrinações a Santiago foi o mote do agrupamento galego Resonet, com Mercedes Hernández em excelente forma vocal e cénica a seduzir um público absolutamente rendido; o Gabrieli Consort de Paul McCreesh continua a ser uma referência mundial no campo da música antiga (imponente atuação com música espanhola do séc. XVII).
Das quatro estreias absolutas em Portugal, o Quatuor Ardeo impressionou pela sumptuosa sonoridade e convincente sentido de construção (Quarteto de Ravel), e pelo comovente extra de Tchaikovsky (3º andamento do 1º quarteto). A passagem desta formação por Portugal ficou também marcada pela proveitosa masterclass dada aos jovens do Quarteto Verazin. Pavel Sporcl, que se fez acompanhar pelo conjunto de música cigana Gipsy Way Ensemble, fascinou o púbico com um melodismo nostálgico e ritmos trepidantes (as “Melodias Ciganas” de Sarasate); destaque para o seu virtuosismo e natural empatia, bem como para a atuação de Toma Vontszemu que, no zimbalão, imprimiu autenticidade a esta música de tradição oral da Europa central. No recital seguinte, Pavel Sporcl, em colaboração com o pianista portuense Miguel Borges Coelho, ofereceu um programa de recorte mais canónico, com uma contida e apaixonada visão romântica (César Franck), em contraste com o virtuosismo das restantes obras – um recital perfeitamente conseguido, apesar dos escassos ensaios, que o profissionalismo dos dois executantes conseguiu superar. A parceria de músicos portugueses com solistas estrangeiros estendeu-se a mais dois agrupamentos de prestígio internacional: a estreia de L’Avventura London em Portugal incluía as sopranos Sandra Medeiros e Joana Seara, que deliciaram o público com Modinhas Portuguesas e Brasileiras do século XVIII.
A edição fica a dever-se aos apoios da Câmara Municipal da Póvoa de Varzim, da Direção-Geral das Artes, do Turismo de Portugal, de diversas instituições e empresas (ao abrigo da Lei do Mecenato) e de meios da comunicação social.
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