Levantado do seu local original em 2004 e restaurado durante nove anos nas oficinas de arqueologia de Conímbriga, regressou esta semana a Santiago da Guarda um mosaico que, pelas suas dimensões ( 5,89 m x 3,05m) e pela forma encontrada para o expor, aplicado na parede, nos permite afirmar tratar-se de caso único no panorama museológico nacional. Em conjunto com o pavimento musivo que se encontra no local original, fazem parte de um espaço que deverá ter sido utilizado na villa romana de Santiago da Guarda como sala de recepção, dotada de uma zona de culto. Daí talvez o facto de se situar no canto sudoeste da sala uma pequena abside, que poderia servir para alojar qualquer objeto relacionado com o referido culto.
Este tipo de salas, do tipo basilical, servia de espaço para audiências, refletindo a vontade da aristocracia romana em transferir para as suas residências rurais, as estruturas de representação do poder, que até aqui existiam apenas nas cidades.
Do ponto de vista decorativo, no mosaico exposto encontra-se uma pequena abside que está decorada por uma faixa remate com tesselas de várias cores, em que o campo é formado por quadrados delineados por um filete simples a negro azulado.
Na faixa remate, ao longo do limite oeste, inscreve-se um alinhamento de losangos. O campo encontra-se decorado por sucessivos alinhamentos de suásticas, formados a partir de um filete simples. Os espaços estão preenchidos por folhas de carvalho, que convergem para o centro das suásticas, por losangos e peltas.
Entre a faixa remate e o campo do mosaico, desenvolve-se uma segunda faixa, que está decorada com linha sinusoidal.
O mosaico em causa é visitável a partir deste fim de semana, tornando-se em mais um aliciante num conjunto monumental que, por fazer coincidir monumentos do séc. IV e dos sécs. XV e XVI, era já de si único na Península Ibérica.
Finalmente de volta a casa! Monumento que vale apena visitar pela suas características unicas e paisagem envolvente (possível de ver subindo à torre medieval).