Mangualde acolhe, até 15 de agosto, a mostra de “Bordados do Penedo da Moira”. A exposição, organizada pela Associação “Os Lavradores de Cubos”, decorre na Biblioteca Municipal de Mangualde e conta com o apoio da autarquia mangualdense. A entrada é livre e os trabalhos poderão ser visionados às segundas-feiras, das 14h00 às 19h00, de terça a sexta-feira, das 9h30 às 13h00 e das 14h30 às 19h00. É de salientar que, durante o mês de agosto a Biblioteca estará encerrada aos sábados. Para uma melhor contextualização, expomos abaixo a lenda tradicional do Penedo da Moira.
Lenda Tradicional do Penedo da Moira
O dito Penedo, segundo reza a lenda, em tempos dos Mouros, encontrava-se num lugar conhecido como “Seixais” limite da povoação da freguesia de Espinho. Nessa povoação habitava uma Moura, que além de ser moura, era uma moira de trabalho, sendo ainda muito jovem, era uma menina muito prendada que nos seus tempos livres, esses eram poucos, também bordava o seu enxoval, inspirando-se na floresta, bordando o Pinheiro Bravo, Carvalhos, Esteva, Urzes, Carqueja, Rosmaninho e Giesta e na avifauna o Pintassilgo, o Tordo, o Melro, Carriças, Cuco, Corvo, Pardal e os Ferreirinhas, que era tudo aquilo que ela via sentada no seu penedo, tentando esquecer os seus desgostos amorosos. Além de ser frágil, a nível sentimental, era uma moça muito robusta e muito poderosa, que depois de ter um desgosto amoroso lembrou-se de transportar o penedo à cabeça em direção à serra da Senhora do Castelo, como forma de sacrifício para tentar ter o seu amado de volta. Mas visto ela ser Moura e ele ser de religião cristã, o seu amor não era visto com bons olhos na povoação de Cubos. Então ela como não tinha solução nem a nível de crença religiosa resolveu então levar o penedo para ajudar na construção do Castelo do Mouro Zurão. O que não foi possível, visto este se ter partido ao meio no lugar onde atualmente se encontra. Nesta circunstância já não foi possível continuar o seu percurso até ao castelo, tendo ficado a viver ali com o seu desgosto.
Dizem os antigos que ela com medo de ser perseguida nunca saía de dia, percorrendo de noite as terras próximas na busca de alimentos.
A miudagem que em tempos recuados por ali deambulava a perseguir os pequenos animais rastejantes, ou a apanhar grilos, também se divertiam junto do Penedo quer subindo para o alto e dali avistando tudo em seu redor, quer na tentativa de satisfazer a sua curiosidade juvenil, pois ouviam dos seus avós e de pessoas idosas, que o Penedo teria por dentro uma grande sala, onde vivia a Moura. A sua curiosidade levava-os a meterem o braço por um dos orifícios laterais pensando que assim atingiam o interior do Penedo. Ao mesmo tempo berravam, “ó Moura sai cá para fora, que te queremos ver”, mas a Moura não aparecia. Eles, muito tristes porque achavam que ela não os ouvia, resolviam deixar parte dos seus lanches, junto ao Penedo, por baixo do Buraco. E ficavam admirados, quando ao outro dia não encontravam lá nada, pensando que os teria vindo buscar.
Este penedo já não é o que era há 70 anos, visto ter sido partido em parte para aproveitamento de pedra para uma estrada. O Penedo em causa era um dos maiores Penedos do concelho de Mangualde, tinha cerca de 52 metros de comprimento, 14 metros de largura e 14 metros de altura.