Cultura, Mangualde

«O Presépio por Portugal e pelo Mundo» em Mangualde

Na época natalícia que se avizinha, Mangualde será palco de uma mostra singular. «O Presépio por Portugal e pelo Mundo» estará patente de 3 de Dezembro a 9 de Janeiro, na Biblioteca Municipal (nos átrios e na sala polivalente). A inauguração está agendada para o dia 3 de Dezembro, pelas 15h30, e estará presente o proprietário da colecção em mostra, o Presidente da Câmara Municipal de Mangualde, João Azevedo, e o pároco de Mangualde, Cónego Jorge Seixas. Simultaneamente decorrerá uma exposição/ venda de trabalhos produzidos por dez artesãos.

 

Esta exposição, inserida na programação natalícia do município «Natal em Mangualde», é totalmente composta pelas obras de um coleccionador particular, nascido em Seia. As peças a expor, num total de cerca de duas centenas e meia, são provenientes de Portugal, e de quatro continentes, só não se encontrando presente a Oceânia, sendo de 10 países europeus, 10 africanos, 14 asiáticos e 11 americanos. No que se refere a Portugal, estão representadas todas as regiões, seja do Continente, seja das Regiões Autónomas. Esta mostra pretende simultaneamente demonstrar que o presépio é uma manifestação de fé espalhada por todo o mundo, recolocar o presépio no centro das festividades natalícias e despertar, principalmente nos mais novos, o gosto pela construção ou pela montagem de presépios.

 

Recordações de infância ligadas às manifestações que, anos atrás, enquadravam a época natalícia, terão sido o motivo que conduziu ao arranque desta colecção, aliadas ao fascínio por presépios que, desde sempre, acompanhou este coleccionador.

 

A colecção em causa esteve muito tempo na incubadora, para só, nos últimos três anos, ter crescido significativamente, atingindo uma dimensão, ainda que pequena, mas que se afigura poder ser representativa da realidade do que é o Presépio por Portugal e pelo Mundo.

 

Em todas as peças expostas será possível constatar a diversidade de raças humanas e de tipos de animais, consequentes da latitude e da longitude onde os países se situam, bem como as expressões, vestes e enquadramentos adequados aos diversos climas e circunstancialismos existentes nos locais de onde foram criados. Os inúmeros materiais utilizados, em regra, também acompanhando as matérias-primas regionais preponderantes.

As peças, em grande parte obras de artesanato, reproduzem a forma como os seus autores entendem o que seja a representação do nascimento de Jesus Cristo. Uns limitam-se a copiar a realidade tal como a conhecem e outros ousam inovar e interpretam esse facto de maneira pessoal, mais criadora e, por vezes, ousada.

 

 

PRESÉPIOS

Presépio significa manjedoura, mas usa-se, frequentemente, para referir o estábulo e, por extensão, a cena da representação do nascimento de Cristo. Segundo São Lucas, Jesus, ao nascer, foi reclinado num presépio, que, provavelmente, seria uma das muitas manjedouras que existiam nas grutas naturais da Palestina utilizadas para recolher animais. Embora possa ter havido alguma expressão artística anterior, e segundo a tradição, foi São Francisco de Assis que, na véspera de Natal de 1223, numa gruta perto da aldeia italiana de Grecio, encenou a primeira representação viva de um Presépio, ao mandar preparar uma manjedoura cheia de feno e colocar, perto dela, uma vaca e um burro. Ao soar da meia-noite, foi celebrada Missa pelo Bispo da terra, nascendo assim a tradição, ainda hoje seguida, da Missa do Galo. Mais tarde, em 1289, na Catedral de Florença, foi incorporado um Presépio esculpido em mármore branco. Posteriormente, durante os séculos XIV e XV, as Igrejas italianas e as francesas encheram-se de Presépios fixos, mas foi o barroco que, mais tarde, impulsionou esta forma de recordar um acontecimento tão relevante para todo o Mundo. Na Península Ibérica, os Presépios só foram introduzidos no século XV, não sendo conhecida a data em que esta manifestação de religiosidade chegou a Portugal. Todavia, considera-se que o primeiro Presépio português terá surgido no Mosteiro do Salvador da Cidade de Lisboa. São famosos os Presépios portugueses do século XVIII, sendo mais conhecidos os de Machado Castro e de António Ferreira, altura em que atingiram o ponto mais elevado da sua representação artística e se impuseram na Europa. Na então Beira Alta, nos meados do século XX, altura em que aqui nasci e vivi, o Presépio era o epicentro de tudo o que se relacionava com as celebrações do Natal. Armado nas Igrejas e Capelas, repleto de muitas e belas imagens, a todos encantava, através das figuras ingénuas dos camponeses com suas ofertas e dos pastores com seus rebanhos, da imponência dos reis magos em seus camelos e do esplendor reflectido da cabana onde a Sagrada Família evocava o nascimento de Jesus Cristo. A recordação destas memórias de Natal são a razão que levaram ao surgir desta colecção que, agora, com muita alegria e prazer, se vos dá a conhecer.

Mangualde, Natal de 2011 – Miranda Garcia                                      

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