A homenagem a Políbio Gomes dos Santos, por ocasião do centenário do seu nascimento, é um dos pontos altos das Festas do Concelho de Ansião, que acontecem de 12 a 14 de Agosto. Uma homenagem sob a forma de exposição, até ao final de Outubro, no Centro Cultural de Ansião, de muito espólio do poeta. Uma exposição inaugurada amanhã e que integra também a apresentação do documentário Políbio, que passa em revista os quase 28 fulgurantes anos da sua vida. Faleceu a 5 dias de os completar, a 3 de Agosto de 1939.
Políbio Gomes dos Santos nasceu em Ansião a 8 de Agosto de 1911, filho de João Gomes dos Santos e de Maria Albertina de Sá Santos. Cedo começou a revelar dotes para as letras, como se constata com o poema “A Minha Terra”, escrito com apenas 8 anos. E foi também cedo que o seu corpo e a doença se encontraram. Após frequentar o ensino primário em Ansião, entra nos Pupilos do Exército, em 1922, mas foi forçado a uma pausa 4 anos depois, e regressa a Ansião para se restabelecer. Em 1928, Coimbra entra no seu caminho, ao retomar os estudos no Liceu Dr. Júlio Henriques. E há-de ser Coimbra o fermento a dar corpo ao talento que já tem dentro de si. Talento que faz mostrar, publicando diversos poemas na imprensa da época.
Em 1933, entra na Universidade de Coimbra, nos cursos de Direito e de Letras. Mas nunca se esquece da família que deixou em Ansião: os pais e a irmã Paulette, 8 anos mais nova, com quem Políbio vai mostrando sempre uma relação de forte amizade e de aconselhamento, apesar da maioria das vezes estarem separados fisicamente. O companheirismo evidente entre os dois irmãos é recíproco. Hoje, passados tantos anos, e apesar de algumas dificuldades próprias da idade avançada, Paulette continua a ser uma atenta e fiel leitora de Políbio.
Políbio Gomes dos Santos deixou somente dois livros: “As três pessoas”, em 1938, e o póstumo “Vós que escuta”, publicado em 1944, mas com o qual obteve o 1º prémio nos Jogos Florais Universitários, em 1939.
Fernando Namora, Miguel Torga, Joaquim Namorado, Vitorino Nemésio, Paulo Quintela e João José Cochoffel, para só nomear alguns, foram pessoas bem próximas de Políbio Gomes dos Santos. Com eles partilhou vivências e reflexões, a vida em Coimbra e muitas cartas, em especial durante os longos meses em que esteve internado no sanatório Sousa Martins, na Guarda, entre 1938 e 1939.
A doença foi algo muito presente na vida do jovem Políbio. Cortou-lhe de certo modo as asas, pois o cansaço, para além de outros sintomas, era algo frequente. E de que de resto, dava frequentemente nota nas suas cartas, ora para os pais, ora para a irmã, ora para os muitos amigos que cultivou. Mas não o impediu de continuar a escrever os seus poemas e de se mostrar sempre confiante na recuperação e bem consciente dos cuidados a ter para alcançar tais melhoras.
Ansião, a terra em que nasceu e morreu, já celebra Políbio Gomes dos Santos na sua toponímia e emociona-se agora para assinalar os cem anos que passam sobre o seu nascimento.