O Teatro-Cine de Torres Vedras vai acolher no próximo dia 28 de Maio, pelas 21h30, um segundo concerto integrado no ciclo Roque Beat, desta feita com Márcia Santos e Norberto Lobo.
Recorde-se que o ciclo Roque Beat, que é dedicado à nova música nacional, procura estabelecer um circuito sólido para a divulgação dos novos projectos musicais portugueses, contribuindo simultaneamente para a formação de uma identidade comum e criando uma enorme onda de vibração em torno da música lusa.
O preço para se assistir àquele concerto no Teatro-Cine de Torres Vedras é de 5 euros.
Márcia Santos
Por vezes, como agora, os factos só atrapalham. Dizer que Márcia Santos tem 28 anos ou é licenciada em Pintura pode dizer alguma coisa; que foi incluída na colectânea Novos Talentos 2009 da FNAC e gravou um EP acústico com cinco canções ajudará a conhecê-la. Que estudou em França e escreve também em francês ou que é uma das vocalistas do ultra-dançável Real Combo Lisbonense dá pistas sobre o seu ecléctico talento. Chamá-la de «revelação» só faz sentido se dissermos que é nas suas canções que Márcia se revela.
Como acontece nos melhores intérpretes e autores, o que importa é o que não é dito, são as entrelinhas… o silêncio que Márcia deixa respirar e que é onde está tudo o que não é possível dizer através das grades das palavras. Seja apenas acompanhada pela viola ou com arranjos que juntam mais instrumentos, como acontece no seu óptimo álbum de estreia, esse silêncio – essa verdade – está sempre presente. E ouve-se bem, e tantas vezes é igual a nós.
Norberto Lobo
Norberto Lobo (Lisboa, 1982) torna sua uma panóplia de tradições, no sentido em que passaram a constituir parte de si próprio, da sua música. É como se nele morassem várias músicas primitivas, mas elaboradas, filtradas pelas escolas da folk, trabalhadas técnica e harmonicamente com sofisticação.
Guitarrista de todas as guitarras, a solo, Norberto Lobo dedica-se às acústicas. Na sua música estão lá Carlos Paredes e o Tejo; Paulinho da Viola e noites e tardes e manhãs do Brasil; John Fahey, Charley Patton e o blues como matriz primordial para dor e ardor, ladeados por som de toda a África e de ilhas esquecidas. Mas está algo mais, algo de outro para além disso. Um amor por todas as músicas e todos os músicos que vivem deste negócio de sentir para pôr em prática, para sentir outra vez e mais.
Gravou dois CD’s, “Mudar de Bina” (Borland, 2007) e “Pata Lenta” (Mbari, 2009), muito aclamados pela crítica e pelo público.