O Arquivo Municipal celebrou, ontem à noite, o São Martinho com uma animada sessão que contou com as participações de José de Azevedo e Clarisse Marques.
Na sua apresentação, o jornalista poveiro explicou como apareceu e quem era São Martinho referindo-se ainda à relação do Santo com a Póvoa.
Recuando à mitologia grega, José de Azevedo fez uma analogia entre São Martinho e Baco – o Deus mais destacado dos gregos –, conhecido como Deus do Vinho, foi quem plantou e descobriu a primeira vinha. Denominado como profeta das boas colheitas, a figura de São Martinho associa-se com a festa das vindimas. O Santo dos Bebedores, como também era apelidado, passou a ser celebrado em meados de Novembro, data convencional que marca a altura da prova do vinho novo e a matança do porco.
José de Azevedo narrou a famosa Lenda de São Martinho para recordar, numa viagem que percorreu os tempos pagãos até às portas do Cristianismo, a imagem do Santo como legionário romano partilhando a capa com um mendigo num dia de frio e chuva, ficando conhecido por se dedicar por inteiro à evangelização de povos pagãos.
O Bispo de Tours faleceu a 8 de Novembro de 397, com 81 anos, transformando-se a cidade francesa num centro de peregrinação. A devoção a São Martinho depressa se instalou no império romano e deu-se a propagação do seu culto pela Península Ibérica.
Em Portugal, São Martinho é um dos nomes mais vulgarizados na toponímia nacional e as regiões do Minho e Ribatejo dedicam ao Santo festa rija.
Na Póvoa de Varzim, não há uma tradição vincada em relação a este Santo, dispensado pelos pescadores locais. José de Azevedo afirmou que “São Martinho não é Santo de devoção dos poveiros”, justificando com o facto de não haver qualquer imagem do Santo nas igrejas locais nem qualquer embarcação de pescadores poveiros com o seu nome. Mesmo na medicina popular, santos médicos ou curandeiros, não há qualquer referência a São Martinho, acrescentou o jornalista.
No entanto, as gentes da Póvoa associam o Santo a bons momentos de alegria e boa mesa e como tal dedicam-lhe, todos os anos, uma noite alegre em torno de castanhas assadas e bom vinho, “numa peregrinação pelas catedrais do vinho tinto”.
Estes momentos foram revividos com a actuação da artista poveira Clarisse Marques que interpretou uma cena de uma mulher poveira que relaciona a euforia do seu “homem” com a arreigada devoção ao Bispo de Tours, contagiando o público com a sua entusiasta representação.
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