Até 27 de Fevereiro a Biblioteca Municipal exibe a mostra documental “O Movimento do 31 de Janeiro de 1891 na Póvoa de Varzim”.
Esta mostra insere-se na programação “Na Maré da República”, que assinala na Póvoa de Varzim, ao longo de todo o ano, o 1º Centenário da Implantação da República. Artigos de jornais e de revistas, fotografias e bibliografia compõem esta exposição que traz à luz, por exemplo, o papel que Rocha Peixoto teve na revolta ou o envolvimento de várias figuras poveiras na fuga de Alves da Veiga, importante membro do Partido Republicano, para Espanha.
Manuel Lopes, que foi director da Biblioteca Municipal Rocha Peixoto até 2006, ano do seu falecimento, escreveu no jornal “O Comércio da Póvoa de Varzim”, a 26 de Janeiro de 1894, sobre a Memória Poveira de 31 de Janeiro de 1891. Contou ele que “na agonia da revolta de 31 de Janeiro de 1891, perante a desorientação que os disparos da Guarda Nacional causaram aos manifestantes civis e militares que subiam em procissão cívica a Rua de Santo António, ainda se tentou um último esforço de aglutinação popular. «Apelando – escreveu Bazílio Teles – para as massas operárias da cidade. Para isso lançar-se-ia um manifesto aos habitantes, e ir-se-ia conferenciar com os populares de influência». E coube a Rocha Peixoto o honroso mandato de o redigir. […]
Por outro lado, um dos membros mais importantes do Partido Republicano, o Dr. Alves da Veiga, deixou o país em direcção ao exílio, embarcado numa catraia poveira timonada por um velho e experimentado arrais, conhecido por Tio Dibó. Peripécia movimentada e aventurosa, conta-a o médico poveiro João Pedro de Sousa Campos, a quem Alves da Veiga «pediu para lhe arranjar um barco que o transportasse a Espanha, visto não poder conservar-se por mais tempo no Porto nem sair do país por via terrestre, vista a insistência com que era procurado» […]
As lições do 31 de Janeiro de 1891, não as dá o saudosismo comemorativo, mas a reflexão lúcida de uma época dominada por sintomas da crise política e social, geradores de imagens e problemas que nos pretendem fazer crer nas repetições da história, mesmo quando sabemos que nenhuma névoa ou miragem pode esconder o seu vigoroso sentido dialéctico, pois, como diz o poeta: tudo é composto de mudança.”
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