O serviço de cardiologia do Hospital São Sebastião de Santa Maria da Feira está a apostar em acções formativas como forma de prevenção das doenças cardiovasculares, segundo assinalou Fernando Pinto, um dos seus cardiologistas.
A cardiologia da unidade hospitalar organizou, recentemente, em Espinho, um «Encontro de Doentes do Coração» para prevenir as arritmias e ensinar os doentes e suas famílias a lidarem com casos de crise.
Uma arritmia é uma perturbação do ritmo cardíaco e pode ter consequências fatais quando não tratada. Os sintomas de alerta são palpitações, fadiga, vertigens, tonturas, transpiração irregular, enfraquecimento, falta de ar, dor de peito e ansiedade.
O evento também assinalou «o milésimo doente do S. Sebastião que implantou um pacemaker, em definitivo» e realizou-se em paralelo às «Jornadas de Cardiologia da Medicina Familiar de Aveiro-Norte».
Os doentes e suas famílias ficaram a saber que não têm fundamentos os mitos que dizem que uma pessoa com pacemaker não se pode aproximar de um microondas ou que não pode utilizar um telemóvel.
Os participantes também foram instruídos sobre um conjunto de medidas que podem ajudar a salvar vidas, quando uma pessoa desmaia devido a uma arritmia, por exemplo.
«A cada minuto que passa diminui em 10 por cento a probabilidade de reanimar o doente», afirmou o médico. Pinto salientou ser fundamental que, cada vez mais, a população, em geral, tome conhecimento das medidas básicas que deverão ser implementadas até que o auxílio especializado chegue. Medidas como as massagens no tórax ou a «manobra» referida popularmente como «boca-a-boca».
O Encontro reuniu «mais de 60 pessoas» e Fernando Pinto manifestou-se satisfeito pela forma como decorreu – até deu para realizar um rastreio de arritmias –, projectando, para «o curto médio prazo», a realização de um Encontro similar mas num espaço mais amplo. A concretização está pendente de apoios logístico – sala maior e transporte garantido.
Fernando Pinto ainda realçou que os portugueses têm vindo a descurar a sua saúde, nomeadamente, devido aos hábitos de vida pouco saudáveis que têm vindo a adoptar.
«Infelizmente as coisas têm piorado», constatou Pinto, que enumerou a obesidade, os mau hábitos alimentares e a falta de exercício físico como motivos para um panorama pouco animador.
O médico até citou «dados preliminares» de «um grande estudo» realizado por faculdades de ciências de desporto, os quais não são lisongeiros quanto ao empenho dos jovens na promoção da respectiva saúde. Por exemplo, apenas «uma reduzidíssima percentagem» se dedica à prática de exercício físico «de forma regular».