O Zoo de Lourosa é o único do país onde há reprodução de casuares – consideradas as aves mais perigosas do mundo – e doou esta semana duas fêmeas dessa espécie a zoos da Grécia e da Polónia.
As aves têm cerca de um ano de idade e seguiram para o Zoo de Attica, na Grécia, e para o Zoo de Varsóvia, na Polónia, onde se espera que venham a reproduzir com os casuares machos que esses parques já acolhem.
Andreia Pinto, curadora de aves no Zoo de Lourosa, afirma que o objectivo da doação é assegurar a existência de «uma população de casuares auto-sustentável, que possa posteriormente servir de apoio à que existe em habitat natural».
A medida está prevista no programa de reprodução em cativeiro coordenado pela Associação Europeia de Zoos e Aquários (EAZA) e enquadra-se também na missão da União Internacional par a Conservação da Natureza (IUCN), que reconhece o casuar como uma das aves mais vulneráveis do mundo.
Andreia Pinto explica que a principal ameaça para a espécie se deve «à desflorestação e à fragmentação que essa implica no habitat do casuar», que é o das florestas tropicais da Nova Guiné e do Nordeste da Austrália.
O estatuto de ave mais perigosa do mundo tem outra justificação: «Trata-se de uma ave solitária que não vai à procura de pessoas ou outros animais para os agredir, mas que se defende se alguém invade o seu território».
«Tem umas patas muito fortes e ataca com uma unha interior que tem cerca de 12 centímetros», diz Andreia Pinto. «Um golfe desferido com essa unha é como uma facada e pode causar ferimentos muito graves».
Em cativeiro, o relacionamento dos casuares com o tratador «depende muito do temperamento de cada ave», mas «implica sempre algum cuidado».
Mas nunca se pode «pode virar as costas a um casuar», acrescenta a curadora.
A reprodução da espécie não é fácil e, se tem funcionado bem no Zoo de Lourosa, é porque esse «tem a particularidade de ser o único no mundo a reproduzir com um trio de aves», garante Andreia Pinto.
Noutros parques, o macho e a fêmea são colocados na mesma instalação, mas pode não haver empatia que os leve à cópula.
Em Lourosa, «a fêmea fica numa instalação central e durante um ano mantém contacto sensorial com um macho à esquerda e outro à direita, para, na época reprodutiva, escolher qual dos dois prefere».
Quando os tratadores percebem a opção da fêmea, juntam-na ao macho e, dez minutos depois, o acto está consumado. «Passados uns dias», conta Andreia Pinto, «ela põe quatro a cinco ovos, de uma cor tipo verde florescente, e o macho fica a incubá-los. Nessa altura, tentamos juntá-la ao segundo casuar e, com sorte, ela torna a reproduzir».
A curadora do Zoo de Lourosa afirma que o processo tem tido bons resultados entre os seis casuares que o parque acolhe e adianta: «A partir de agora, todos os casuares que nasçam aqui serão enviados para outros zoos, que tenham aves sozinhas».
O casuar é uma ave de grande porte que, na idade adulta, atinge cerca de metro e meio de altura. É um mega-frugívero, por se alimentar diariamente com cerca de 10 quilos de fruta.
A colecção do Zoo de Lourosa inclui diversas espécies animais, mas é especializada em aves, pelo que esse é o único parque ornitológico do país.
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