O período de vigilância das ondas de calor «poderá vir a ser alargado» caso em Portugal se registem temperaturas extremas fora dos actuais meses de monitorização, admitiu ontem à Lusa um responsável do sistema nacional de vigilância ÍCARO.
O sistema de vigilância e monitorização de ondas de calor (ÍCARO), um projecto nacional que engloba actividades de investigação, vigilância e monitorização de efeitos climáticos na saúde e na mortalidade humana, é accionado todos os anos entre 15 de Maio e 30 de Setembro.
«Não se justifica fazer a monitorização com temperaturas inferiores a 29 graus centígrados, mas caso se registem temperaturas extremas fora dos actuais períodos de vigilância talvez venhamos a alterá-lo», disse à Agência Lusa Paulo Nogueira, do Departamento de Epidemiologia do Instituto Nacional de Saúde (INSA) e um dos técnicos responsáveis pelo ÍCARO.
Falando no painel «10 Anos de Vigilância das ondas de Calor em Portugal: uma colaboração interinstitucional exemplar», na sede do Instituto de Meteorologia (IM), em Lisboa, no âmbito das comemorações do Dia Meteorológico Mundial de 2009, o responsável disse, no entanto, «não prever uma onda de calor extremo para este Verão».
Questionado sobre se nos próximos tempos se espera um onda de calor extrema como a que atingiu o território nacional em 2003, que segundo dados do Centro Belga de Investigação de Epidemiologia dos Desastres terá vitimado cerca de 2.700 pessoas em Portugal, o especialista disse ser «impossível fazer esse tipo de previsões».
«É impossível fazer previsões de ondas de calor que ultrapassem os dois a três dias, mas este ano não estou à espera que as ondas de calor tenham um impacto muito grande», disse Paulo Nogueira.
«No último Verão [2008], por exemplo, não houve ondas de calor, isto demonsta o quanto difícil é prever estas situações», reiterou.
Sobre as temperaturas muito elevadas para e época que se fizeram sentir na semana passada, o especialista foi peremptório: «De facto, são temperaturas elevadas que podem ter algum impacto, mas até agora não há evidência de excesso de óbitos devido ao calor».
O especialista do Instituto Nacional de Saúde disse ainda, a título pessoal, que até agora «nunca viu uma resposta dos Planos de Contingência em Portugal que tenha diminuído os efeitos» das ondas de calor: «É extremamente difícil», sublinhou Paulo Nogueira.
Durante a sua intervenção, o especialista sublinhou que, «apesar de alguns acidentes de percurso com previsões que falharam», houve um grande progresso do sistema de vigilância e monitorização nos últimos dez anos, salientando que, em 2003, Portugal era o «único país da Europa» a ter tal sistema implementado.
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