O Museu Municipal reabriu portas albergando num dos seus espaços uma exposição da autoria de Rui Anahory, intitulada “Circunstâncias”, que reúne fotografia, pintura e escultura. A mostra estará patente até 19 de Abril e possui um catálogo desenvolvido por Henrique Cayatte Design.
São, portanto, várias as linguagens estéticas e expressivas expostas, uma diversidade que Rui Anahory explica com Fernando Pessoa: “Pelos vinte anos li muito F. Pessoa que, ou por identificação ou uma circunstância temporal, me deixou uma viva marca que ainda perdura. A fragmentação do ser, a exploração voluntária ou acidental dos vários eus que afloram à luz do consciente e se impõem e manifestam mais ou menos prolongadamente sobretudo no produto e nas escolhas e modo de produzir estéticos que me vão acontecendo, empurram-me para o Poeta dos heterónimos quanto mais não seja porque me legitima e reconforta quando as dúvidas sobre a aparente desconexão do meu percurso me assaltam com mais violência. Esta é a minha circunstância “mãe” de todas as outras: o processo de produção artística, o interesse pela experimentação, pelo percurso obscuro da descoberta e do processo criativo, as suas motivações, imponderáveis, embates inesperados, surpresa e desencanto, satisfação inexplicável, das razões do gosto do que por vezes aparentemente é desgostante, dos saltos e sobressaltos do pensamento que tiram o sono, enchem de energia criadora ou nos atinge como um soco que atordoa e prostra. “No entanto, o artista plástico encontra em outras personagens “do mundo da criatividade” que não apenas Fernando Pessoa a sua “circunstância criativa”, por lhe deixarem “vivas inquietações e profundos sulcos.” Fernando Pessoa, aqui, importa por o ter lido eu numa idade inquieta num tempo difícil e que me confrontou com as minhas próprias questões. Importa a circunstância de ter tido o génio de saber dividir as suas partes de forma articulada, racional, eclética, e dar vida autónoma a todas sem as confundir”, explica.
Ser Nada para poder Ser Tudo é uma das ideias de Pessoa que marcaram Anahory, que vê neste Ser Tudo “uma impossibilidade”.
Há por isso “uma incoerência como coerência” e uma multiplicidade de circunstâncias “das quais derivam outras, numa multiplicação inumerável, tanta quanto aquilo do que me rodeia compõe. São a razão da diversidade de linguagens estéticas e expressivas aqui expostas, reflexo de todas as coexistências”.
Sobre o artista:
Rui Anahory nasceu em 1946 em Grijó, Vila Nova de Gaia.
É licenciado em Artes Plásticas pela ESBAP, em 1979.
Foi Monitor de Atelier IV e V, na ESBAP em 1980.
Professor do ensino preparatório, secundário e profissional, de 1973 a 1995. Estágio pedagógico, 1979.
Elaboração do Programa da Disciplina de Tecnologia da Pedra do curso de Formação Profissional de Design de Pedra para o GETAP, em 1991.
Realizou várias exposições individuais e participa em várias colectivas, em Portugal e no estrangeiro.
Esculturas Eólicas em colaboração com as IIas Jornadas Internacionais de Música Contemporânea organizadas pela Oficina Musical dirigida pelo Maestro Álvaro Salazar (anos oitenta).
Prémio de Escultura de Ar Livre na Amadora algures em meados dos anos oitenta.
Tem realizado cenografias, edições de escultura, serigrafia e cerâmica.
Foi, nos anos 80, co-fundador da Cª de Teatro CENA, hoje Cª de Teatro de Braga, aí sedeada.
Orienta Curso de Escultura em Pedra em Macau, a convite do Instituto Cultural de Macau, 1993.
Está representado em espaços públicos na Póvoa de Varzim – “Monumentos às Gentes da Póvoa de Varzim”; Esmoriz – Ovar – Monumento de “Homenagem à Pesca da Arte Xávega”; Bragança – Monumento ao “Agricultor Bragançano”, em Matosinhos – Museu da Quinta de Santiago, em Braga, etc.
Participação em simpósios de escultura: Simpósio Internacional de Escultura em Pedra, Évora (1981); Simpósio Internacional de Escultura de Ferro na Amadora; “Encontro com o Granito”, Simpósio Internacional de V. N. de Cerveira (1996); Simpósio de Escultura em Granito e Ferro, Póvoa de Varzim (1997).
Está representado em algumas Instituições Públicas e Privadas e colecções particulares.
De 1995 a 2007 foi docente de escultura na FBAUP.
Portas em bronze para a fachada principal da Igreja barroca da Matriz, na Póvoa de Varzim, que comemora 205 anos de existência (2007).
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