Durante a conferência de abertura do 10.º Correntes d´ Escritas, na tarde de ontem na Póvoa de Varzim, o ministro da Cultura, José António Pinto Ribeiro, deixou um apelo à mobilização dos cidadãos “para tarefas culturais urgentes” que valorizem a língua e escrita.
Falando para uma plateia que encheu por completo o auditório do renovado Museu de Etnografia e História da Póvoa de Varzim, o ministro apelou à utilização das bibliotecas públicas, escolas e universidades para a dinamização da língua. “Criem espaços e invadam-nos com pessoas e com coisas que tenham a ver com a língua. Essas correntes que assim formarem são o maior e mais necessário instrumento de coesão social”.
A língua e a escrita, dimensões “tão diferentes”, mas de uma relevância fundamental. “A língua é algo de absolutamente essencial. Traduz uma forma de pensar, de sentir e de nos exprimirmos no mundo É a língua quer nos liberta da nossa condição de animais. Estabelece laços de entendimento. É mais forte do que o sangue”. Por outro lado, “a nossa verdadeira humanidade começa com a escrita. É através da escrita que se guarda o que se pensou”.
Para o ministro “era importante que houvesse um Plano Nacional de Escrita” e, em simultâneo, “investir na motivação dos professores para ensinarem a ler a escrever com rigor e imaginação”.
Afirmando-se “favorável ao multilinguismo”, mas também defensor de uma “política de afirmação, expressão e divulgação da língua portuguesa, e não apenas da língua portuguesa culta e erudita” o ministro disse que a “reestruturação do Instituto Camões e a criação de um Fundo para a Língua, já dotado de 30 milhões” fazem parte dessa política de internacionalização que Portugal deve assumir tal como os espanhóis o fizeram.
Pinto Ribeiro saudou “a Câmara Municipal da Póvoa de Varzim e todos os que contribuíram e contribuem para estas Correntes, que formaram e continuam a formar parte dessa corrente”. Confidenciando ser um “leitor ávido” o ministro quis destacar o “quão essenciais as pessoas que aqui vêm são… ficava aqui a ouvir-vos”, disse.
Durante a apresentação do ministro José Carlos de Vasconcelos, jornalista e director do Jornal de Letras, lembrou o percurso ligado à defesa dos direitos cívicos e à cultura, “alguém que fala seis línguas” e que estabeleceu entre as suas prioridades a língua portuguesa.