«O mercado internacional tem tido uma prestação bastante desfavorável para nós. Há uma redução da procura de produtos de cortiça, principalmente a rolha», afirmou à Agência Lusa o secretário-geral da Associação Portuguesa da Cortiça (Apcor), Joaquim Lima.
Portugal exporta para mais de 100 países 90 por cento da produção de cortiça, especialmente para os mercados norte-americano e europeu, disse Joaquim Lima.
«Exportamos cerca de 850 milhões de euros – números consolidados de 2007 -, o que corresponde a 2,3 por cento do total das exportações portuguesas», referiu, acrescentando que os números disponíveis de 2008, referentes apenas ao primeiro semestre, já apontavam para uma «quebra, se bem que ligeira».
Joaquim Lima salientou que «70 por cento do total das exportações do sector é do segmento da rolha», correspondendo o restante fundamentalmente a aplicações na construção civil e no calçado.
«Os outros subsectores vivem dos restos de cortiça gerados na produção de rolha, pelo que são também afectados por qualquer alteração neste segmento»”, realçou.
O secretário-geral da Apcor destacou também a «concorrência desenfreada de alternativos à rolha de cortiça, designadamente os vedantes de plástico e de metal, que já representam cerca de 25 a 30 por cento do total do mercado dos vedantes» de garrafas.
«Até ao final do século passado, a rolha de cortiça representava quase 100 por cento do mercado», referiu, sublinhando a grande queda verificada em apenas 10 anos.
Joaquim Lima admitiu que a crise no sector possa originar salários em atraso e até encerramento de empresas, nomeadamente micro e pequenas.
O secretário-geral da Apcor afirmou que a indústria portuguesa de cortiça emprega «cerca de 12 mil pessoas», em «cerca de 600 empresas, na sua maioria de micro e pequena dimensão».
Os 250 associados da Apcor representam cerca de 80 por cento da produção e 85 por cento da exportação do sector.
Os associados da Apcor reuniram-se recentemente para analisar a situação do sector, tendo aprovado no final um documento em que preconizam várias soluções para a crise, nomeadamente o alargamento dos apoios públicos às micro e pequenas empresas.
A redução do IVA, eliminação do pagamento especial por conta, definição «urgente» de uma política pública da fileira da cortiça, campanhas de comunicação, reforço da aposta na inovação e melhoria dos mecanismos de regulação foram outras medidas defendidas pelos industriais.