Cultura, Póvoa de Varzim

Trilhos apresentado na Póvoa – uma viagem onde o destino é o “eu”

A Vida é uma viagem. Uma metáfora que José Cavalheiro Homem explorou em Trilhos, livro que apresentou no passado sábado, 13 de Dezembro, no Diana Bar.
A sessão de apresentação, que contou com casa cheia, arrancou com a leitura, por parte de Andreia Macedo, de trechos de M’Africando, também de autoria de José Cavalheiro Homem, permitindo assim, uma introdução à escrita do autor.
Trilhos propõe uma viagem-metáfora pela Vida, onde o herói da narrativa explora as suas experiências de vida a bordo de um Unimog, veículo militar recuperado de uma sucata e que durante anos “serviu” a Guerra do Ultramar.
Aurelino Costa, um dos convidados da sessão, vê Trilhos “como um livro de interrogação”, onde um homem se questiona “sobre o seu percurso” e onde é Vida é analisada usando a “metáfora da viagem”.  “O mundo em que vivemos é uma construção”, afirmou, defendendo a necessidade de se “meditar sobre si próprio”, num processo de descontrução para se construir. “Onde está o Ser e onde está a Coisa” é uma das interrogações que Trilhos explora, propondo José Cavalheiro Homem “uma viagem iniciática de ligação à Coisa e ao Corpo”, sendo, no livro, a Coisa o condutor e o Corpo o Unimog.

João Luís, responsável pela edição do livro sobre a chancela da Arcano Zero, explicou que Trilhos é o primeiro livro da editora. “Não sei se foi a editora que escolheu José Cavalheiro Homem ou se foi o autor que apostou na editora”, gracejou, explicando ainda que esta nova editora se dedica a publicar exclusivamente textos de ordem espiritual. Repescando uma discussão que teve com o autor, no contexto da astrologia, sobre determinismo e livre-arbítrio, João Luís vê Trilhos como resultado dessa conversa. “É preciso mais do que uma leitura para se extrair tudo o que há para extrair”, analisou, extrapolando a metáfora da viagem de Trilhos e aplicando-a ao dia-a-dia, dizendo que “conta mais a viagem do que o destino”.
Como forma de agradecimento “porque vocês tiveram o trabalho de vir até aqui”, José Cavalheiro Homem predispôs-se a oferecer dicas para a leitura do seu recente livro. A capa, porta de entrada para o conteúdo da obra, mereceu a atenção do autor, que se congratulou pelo facto de lhe ter sido permitido produzir a capa “que quis e as capas são tão importantes como aquilo que escrevo”. E dando conta das letras em relevo que aparecem na contracapa, José Cavalheiro Homem explicou o objectivo: “passa a mensagem de que existe mais por trás, que está noutro sentido e que cada um interpreta à sua maneira”.
Trilhos é uma viagem, “foi feita por mim, com um carro meio avariado. Comecei à noite e acabei à noite, a chover o dia todo. E nunca me senti sozinho”, esclareceu. “Toda a viagem é composta de três componentes: veículo, condutor e passageiro, que pode ser uma mercadoria, uma missão, um projecto, uma ideia. Por isso em cada viagem, cada vida, existem as três componentes: veículo, condutor e projecto.”, concluiu.
A terminar a sua intervenção, José Cavalheiro Homem anunciou ainda que os lucros resultantes dos Direitos de Autor revertem a favor da Associação e Centro de Apoio à Terceira Idade de Santo Estêvão, situada “na mais bela terra do mundo”, Chancelaria, local onde o condutor de Trilhos termina a sua viagem.

Artigo AnteriorPróximo Artigo