No âmbito da inauguração do Cine-Teatro Constantino Nery – Teatro Municipal de Matosinhos, realizou-se na quarta-feira, dia 19 de Novembro, a estreia da peça “Sétimo Céu” que estará em cena até ao dia 7 de Dezembro de quarta a sábado, às 21.30 horas e aos domingos às 16 horas.
Este espectáculo teatral resulta de uma parceria entre a autarquia e a Escola de Mulheres e tem texto original de Caryl Churchill, tradução de Paulo Eduardo Carvalho e é encenada por Fernanda Lapa.
O Primeiro Acto desenvolve-se em África, numa colónia britânica da época vitoriana. Apesar dos ecos que indicam as primeiras lutas dos nativos pela autodeterminação, uma família colonial vive o seu dia-a-dia num ambiente de aparente normalidade.
Clive, o homem branco, impõe os seus ideais à família e aos indígenas; a Betty, sua mulher (interpretada por um actor, porque ela quer ser o que os homens querem que ela seja); a Joshua, o criado preto (interpretado por um branco pela mesma razão); a Edward, o seu filho de oito anos a quem tenta impôr um comportamento masculino (e por isso interpretado por uma mulher).
Esbelecendo um paralelismo entre a opressão colonial e a opressão sexual, Caryl Churchill faz com que Betty, “a esposa submissa” se atire literalmente ao melhor amigo do seu marido, Harry. Este, um homossexual não assumido, tem relações sexuais com o criado preto e desperta em Edward, o filho de Clive, as suas pulsões homossexuais.
Ellen, a governanta, revela que a sua devoção pela patroa não é uma questão de obrigação contratual, mas de atracção erótica. Clive que tem uma relação secreta com Mrs. Saunders (a viúva independente), esforça-se por manter o mundo tal como quer continuar a vê-lo.
E, é assim, que o primeiro acto termina com uma festa de casamento. Só que os noivos são: o amigo homossexual e a governanta lésbica. E o pacífico criado preto aponta uma arma a Clive enquanto o pano cai.
No Segundo Acto saltamos cem anos, embora nos seja pedido aceitar a convenção de que as personagens que vimos no Primeiro Acto só tenham envelhecido vinte e cinco. A acção desenrola-se num parque em Londres. Betty (agora interpretada por uma actriz) é uma mulher de meia idade. Libertou-se do marido opressivo e está em pleno processo de divórcio. A filha, Vitória, (que no Primeiro Acto era representada por uma boneca) é casada com Martin, o protótipo do marido “liberal”. O filho Edward (agora interpretado por um actor) é um “gay” que vive com o namorado, Gerry, uma relação dolorosa.
Mantendo essencialmente as mesmas personagens, colocadas ostensivamente num mundo diferente, Caryl Churchill demonstra-nos como, acabada a repressão política e os tabus sexuais, a mentalidade subjacente à estrutura familiar pouco se alterou.
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