O Clube Escape Livre resgatou uma prova automobilística com 120 anos de história, e o resultado da segunda edição do Circuito das Beiras by Bridgestone / First Stop é, sem dúvida, positivo. Mesmo com os desafios impostos pela chuva nos dois últimos dias do evento, um Darracq de 1902 voltou a roubar a cena ao percorrer as estradas que conectam Coimbra a Castelo Branco e à Guarda, totalizando aproximadamente 440 quilómetros.
Esta competição é parte integrante da história do automobilismo nacional, marcando a introdução das provas por etapas em Portugal. Após 120 anos, o Clube Escape Livre, com o apoio das Câmaras Municipais de Coimbra, Castelo Branco e Guarda, com o patrocínio da Bridgestone, First Stop e Litocar, realizou a segunda edição nos dias 15 a 17 de setembro.
Trinta automóveis clássicos, incluindo preciosidades como o Darracq 12 HP Open Tourer de 1921 e o Berliet de 1926, que vieram especialmente para o evento do Museu do Caramulo e do Museu de la Historia de la Automacion de Salamanca, reuniram-se para percorrer mais de 400 quilómetros, ligando as capitais de distrito de Coimbra, Castelo Branco e Guarda. Mesmo enfrentando condições climáticas adversas nas etapas entre Castelo Branco e Guarda e da cidade mais alta a Coimbra, a vertente competitiva em estrada foi substituída por um desafio diário de conhecimento e observação, bem como pela oportunidade de vestir trajes de época dos veículos.
Além dos mencionados, outros modelos icónicos estiveram presentes, como Ford, Studebaker, Hotchkiss, Wolseley, bem como modelos mais contemporâneos da Mercedes, Citroen, Fiat, Renault e Datsun. Um exemplar imaculado de um Triumph Dolomite Sprint e o Sunbeam Alpine do Museu de Salamanca também chamaram a atenção.
A Praça da República, em Coimbra, serviu como palco para o início do Circuito das Beiras by Bridgestone / First Stop, onde o Presidente da Câmara Municipal deu a partida. O trajeto até Castelo Branco incluiu uma visita às ruínas de Conimbriga e um almoço na Sertã. A jornada até à Guarda, sob forte chuva, passou pela Aldeia Histórica de Castelo Novo e pelo Fundão, onde o Alambique d’Ouro recebeu os participantes para o almoço e uma degustação de vinhos proporcionada pela Adega do Fundão. No Centro Histórico da Guarda, uma caravana de 30 automóveis clássicos uniu-se à rota, desfilando pelas ruas da cidade e culminando num evento com a participação do Presidente e da vereadora do Desporto. O regresso a Coimbra seguiu as estradas históricas percorridas por Tavares de Melo em 1902, e o grande final ocorreu na Praça da Canção, na cidade dos Estudantes, celebrado com espumante da Adega de Castelo Rodrigo.
As duas últimas etapas ocorreram sob chuva intensa, mas nem mesmo o mau tempo impediu os participantes de completar o itinerário, elogiado por todos os envolvidos no Circuito das Beiras by Bridgestone / First Stop.
Após três dias intensos, a vitória foi partilhada por Tiago Patrício Gouveia/Tiago Branco no espetacular Darracq de 1902 e por Manuel Simões/Graça Simões no elegante Citroen 11 BL. Estas equipas obtiveram a maior pontuação, destacada a dupla do Citroen por vestirem roupas da época do carro, nascido em 1947.
O terceiro lugar foi conquistado por João Teixeira em um MGB, seguido por António Dionísio (MG TF) empatado com José Manuel Pinto. O Top 5 foi completado pelo belíssimo Austin Healey 3000 de António Mota.
Nas diferentes classes, o Darracq de Tiago Patrício Gouveia foi o melhor na Classe A (até 1904), Luís Lavin (Ford A) venceu na Classe C (1919 a 1930), e António Fernandes Ribeiro (Wolesley 10/40) liderou a Classe D (1931 a 1945). O Citroen 11 BL de Manuel Simões triunfou na classe E (1946 a 1960), enquanto Luís da Cunha Matos (MGB) levou a melhor na Classe F (1961 a 1970). A Classe G foi altamente competitiva, com a vitória indo para o MGB de João Teixeira.
Todos os participantes receberam o Troféu SPAL relacionado ao evento e um magnífico livro de José Barros Rodrigues.
Finalmente, o Troféu da Junta de Freguesia do Casteleiro, que elege o carro mais bonito do evento, foi entregue ao Darracq 12 HP Open Tourer de Tiago Patrício Gouveia e do Museu do Caramulo, por votação de todos os participantes. Esta belíssima peça artística adornará a vitrina de troféus do museu.
Além disso, coincidindo com o evento, foi lançado o livro “O Circuito das Beiras e o Espírito Visionário de José Caetano Tavares de Melo,” de autoria do historiador José Barros Rodrigues, com 240 páginas, já disponível nas livrarias, celebrando os 120 anos da competição.
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