Associação Florestal do Vale do Douro Norte preparada para enfrentar os desafios futuros
António Luís Marques, de 46 anos, foi reconduzido para mais um mandato de quatro anos como presidente da Associação Florestal do Vale do Douro Norte (AFLODOUNORTE), uma Organização de Produtores Florestais reconhecida como Organização Não Governamental Ambiental (ONGA). Em entrevista exclusiva ao nosso jornal, Marques discutiu os projetos futuros da associação e os desafios que enfrentam.
A AFLODOUNORTE, com 25 anos de atividade no setor, possui uma estrutura sólida para responder aos desafios atuais. Atualmente, conta com 32 colaboradores, incluindo quatro Equipas de Sapadores Florestais em Alijó, Carrazeda de Ansiães, Sabrosa e Murça.
Além disso, possui uma Equipa de Operadores Florestais dedicada à implementação das Medidas Ambientais Compensatórias de Foz Tua em Alijó, Carrazeda de Ansiães, Mirandela, Murça e Vila Flor, em colaboração com a empresa Movhera, o segundo maior ator do setor hidroelétrico em Portugal.
A equipa técnica da AFLODOUNORTE é composta por três Engenheiros Florestais, um Engenheiro Ambiental, um Técnico de Campo, um Técnico de Campo Vigilante e um Técnico Financeiro e Administrativo. A associação possui capacidade técnica instalada para promover uma gestão florestal adequada e eficiente.
Com relação aos associados, a AFLODOUNORTE conta atualmente com 800 membros, incluindo proprietários e produtores florestais, empresas, autarquias, entidades gestoras, universidades, politécnicos, centros de pesquisa e desenvolvimento.
Investimento e projetos bem-sucedidos ao longo de 25 anos
Ao longo dos últimos 25 anos, a AFLODOUNORTE implementou centenas de projetos que geraram investimento público e privado, bem como conhecimento para a aplicação de boas práticas florestais e ambientais. Graças a investimentos privados e públicos, foi possível realizar ações adequadas às realidades dos diferentes territórios, buscando uma gestão florestal correta e a rentabilidade necessária.
A missão da AFLODOUNORTE é contribuir para a melhoria do valor florestal e ambiental, através da aplicação de modelos sustentáveis que resultem na qualidade dos produtos e seus derivados, garantindo os necessários ganhos económicos.
Desafios do setor agroflorestal e a importância de políticas adequadas
Atualmente, um dos maiores desafios enfrentados pelo setor é o abandono crescente da atividade primária, resultado tanto do despovoamento quanto da falta de políticas nacionais de incentivo ao investimento agroflorestal.
A associação ressalta que é essencial considerar a agricultura e a floresta como atividades complementares, presentes na maioria do território nacional. As políticas devem focar-se na promoção da ocupação do solo com atividades que garantam a resiliência aos incêndios rurais, a proteção dos ecossistemas e a sustentabilidade económica das atividades.
Para melhorar a rentabilidade do setor, é necessário encontrar alternativas à exploração agroflorestal tradicional e adotar uma abordagem ambientalmente consciente. É importante que o conhecimento científico e técnico desenvolvido nos centros de pesquisa seja aplicado pelos proprietários e produtores, permitindo uma tomada de decisão informada.
Uma questão relevante levantada por António Luís Marques é a separação da floresta e da agricultura na estrutura governamental. Ele argumenta que essa separação resulta em falta de peso político e capacidade de negociação para o setor florestal. A falta de medidas adequadas e um orçamento suficiente são evidências dessa situação. Marques defende que as características de cada região e território devem ser consideradas ao desenvolver estratégias e políticas de apoio ao setor agroflorestal.
Ele destaca o subfinanciamento do minifúndio, ressaltando que essas áreas rurais não precisam apenas de atenção, mas de investimentos adequados. Os territórios de baixa densidade têm o desejo de avançar, mas sem incentivos adequados e pagamentos justos pela preservação dos ecossistemas e serviços ambientais, corre-se o risco de um abandono ainda maior dessas áreas.
Marques conclui que os serviços de ecossistema não devem ser apenas subsidiados, mas sim remunerados adequadamente. Ele enfatiza a importância de reconhecer o valor desses serviços para o território, as pessoas e o país como um todo. Os proprietários e produtores que trabalham na preservação das paisagens naturais devem sentir que o seu esforço é valorizado e recompensado.
A Associação Florestal do Vale do Douro Norte continuará a desempenhar um papel crucial na promoção da gestão sustentável da floresta e na defesa dos interesses dos proprietários e produtores florestais. O desafio agora é garantir que as políticas governamentais sejam mais adequadas e reflitam a diversidade das realidades regionais, fornecendo os recursos necessários para um setor agroflorestal próspero e sustentável em Portugal.
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