Guilherme Stephens foi homenageado pela Câmara Municipal e pela população, nos dias 19 e 20 de outubro, no âmbito das comemorações que assinalaram os 250 anos da chegada do industrial inglês à Marinha Grande.
O programa organizado pelo Município contou com a presença de Jenifer Roberts, investigadora e familiar de Guilherme Stephens que, a convite da autarquia, deslocou-se de Inglaterra para participar nas celebrações e mostrou-se sensibilizada com os eventos realizados e com a enorme adesão da população aos mesmos.
A presidente da Câmara, Cidália Ferreira, foi a anfitriã destas comemorações que “muito honraram o Município, a população do concelho e, sobretudo, a memória de Guilherme Stephens, pela forma digna como decorreram e pela forte adesão do público”.
“Quisemos realizar a recriação com data coincidente com o aniversário da abertura da Real Fábrica de Vidros e o resultado foi o brilhantismo e o sucesso que tivemos oportunidade de assistir”, afirma a presidente. Cidália Ferreira agradece “ao marinhense e amigo desta terra Norberto Barroca, pelo profissionalismo e excelência que dedicou a este projeto e por aceitar o meu desafio de encenar e dirigir a peça. Sabia que o resultado só poderia ser este e que foi uma honrosa homenagem a Guilherme Stephens”, continua.
“Devemos o que somos hoje enquanto território a Guilherme Stephens que, em 1769, a convite do Marquês de Pombal e do Rei D. José I, reativou a Real Fábrica de Vidros e mudou para sempre a Marinha Grande”, continua.
Para Cidália Ferreira “Guilherme Stephens foi um homem empreendedor, vanguardista para o seu tempo e humanista ímpar, sempre preocupado com a instrução, educação, cultura, cuidados de saúde e bem-estar social dos seus trabalhadores. Não se limitou a erguer uma fábrica de vidros lucrativa, mas que colocou sempre o seu foco nas pessoas que com ele e para ele trabalhavam”.
Guilherme Stephens promoveu “ainda diversas inovações na agricultura, reservando os terrenos onde hoje se encontra o Parque da Cerca, entre outros, para o cultivo da terra e o desenvolvimento técnicas e práticas agrícolas e introduzindo vegetais no nosso país, a partir de sementes importadas de Inglaterra, como alface, rabanete, agrião e chicória”, reforça.
A presidente da Câmara salienta “que todo este legado empresarial, cultural e social que reconhecemos a Guilherme Stephens e que a Marinha Grande tão bem tem sabido preservar durante estes dois séculos e meio, sendo o território de excelência e vanguarda tecnológica que é hoje”.
Estas comemorações “permitiram dar a conhecer, uma vez mais, o homem brilhante que foi Guilherme Stephens e todo o reconhecimento que temos pelo que fez da Marinha Grande”, conclui Cidália Ferreira.
Jenifer Roberts, familiar do industrial inglês, confessa estar “muito orgulhosa porque a Câmara Municipal decidiu fazer esta homenagem e o povo da Marinha Grande correspondeu. Tenho a certeza que William Stephens estaria feliz por saber que 250 anos depois os marinhenses continuam a amá-lo desta forma”.
Como membro da família de Guilherme Stephens, Jenifer Roberts admite ter “imenso orgulho nele. Era um génio. Um grande homem em muitos aspetos. Introduziu o estado de bem-estar aos operários 20 ou 30 anos antes de qualquer outro país ou industrial que cuidava dos operários como ele cuidava dos seus operários. Trouxe cultura como o teatro e a música e ideias mais modernas de agricultura”.
Marinha Grande recuou 250 anos para receber família Stephens
O ponto alto das comemorações ocorreu no domingo, dia 20 de outubro, com a realização da recriação histórica “Os Stephens na Marinha Grande – Abertura da Real Fábrica de Vidros (1769)”, com direção e encenação de Norberto Barroca e coordenação de guarda-roupa e tratamento visual de Mário Dias Garcia.
O evento esteve inicialmente marcado para o dia 19, mas devido às condições climatéricas adversas, foi adiado para o dia seguinte. Milhares de cidadãos assistiram a este espetáculo a partir do Jardim Stephens, perante os quais foi retratada a chegada de alguns convidados de honra à Marinha Grande, para assinalar a abertura e o início da fabricação da Real Fábrica de Vidros da Marinha Grande, em 16 de outubro de 1769.
Pretendeu-se ainda reconhecer o papel que Guilherme Stephens e a sua família tiveram para o desenvolvimento da Marinha Grande e instrução dos seus operários e recriar o ambiente cultural e social fervilhante que se vivia no Palácio dos Stephens, junto à fábrica.
O espetáculo contou com a participação de cerca de 150 pessoas, entre atores, figurantes, músicos e equipa técnica. Os atores e figurantes foram assegurados através da colaboração do Sport Operário Marinhense, Sport Império Marinhense, ASURPI – Associação Sindical União Reformados Pensionistas Idosos, Associação Cultural e Recreativa da Comeira e Agrupamentos de Escolas Marinha Grande Nascente e Marinha Grande Poente.
Existiram momentos musicais interpretados pelos Tocándar, Orquestra Juvenil da Marinha Grande e Orquestra de Câmara de Sintra. A encenação foi ainda complementada com carruagens de época de particulares e do Exército Português, assim como cavalos da Associação Equestre Cavalo Dourado da Marinha Grande. Culminou com um espetáculo de pirotecnia que coloriu o céu em redor do Património Stephens.
Além da recriação histórica, o programa comemorativo incluiu demonstrações de fabrico de vidro ao vivo no Estúdio Poeiras Glass, localizado no Edifício da Resinagem.
No sábado, 19 de outubro, o Auditório da Resinagem foi palco da apresentação do inteiro postal CTT com circulação nacional alusivo a Guilherme Stephens e da apresentação do livro “A Luz dos Tempos – Notas biográficas” sobre as personalidades do concelho dos últimos 250 anos da autoria de Gabriel Roldão e Luís Abreu e Sousa.
Editada pela Hora de Ler, a obra reúne mais de 800 biografias de marinhenses já falecidos, que, sob as mais diversas formas, tiveram um contributo para o desenvolvimento económico, social e cultural do concelho.
“O objetivo desta obra é para falar de muitos «Guilhermes Stephens» que povoam a Marinha Grande e que, de um modo ou de outro, fizeram com que esta «Marinha» seja «Grande» como hoje é. É destas personagens, que jamais deixaremos esquecer, que vamos tratar. Umas serão menos conhecidas que outras, pela sua atividade com inferior visibilidade, mas mesmo assim, terão contribuído, não só com a sua condição de cidadãos mas, conferindo sempre mais qualquer coisa que os outros. É por isso que vão ser citados para se eternizarem”, é referido pelos autores.
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