Portugal conquistou o prémio inédito de Destino Turístico Acessível 2019, distinção da Organização Mundial do Turismo (OMT) que considera Portugal como o melhor destino turístico do mundo para pessoas com deficiência. O prémio, que é atribuído pela primeira vez, reconhece o esforço que Portugal tem feito nesta área, mas será que é suficiente para ser considerado o Destino de Turismo Acessível de 2019?
Salvador Mendes de Almeida, presidente e fundador da Associação Salvador argumenta que “não há qualquer dúvida que projetos como o All4all são iniciativas excelentes e únicas na área das acessibilidades. Só temos de dar os parabéns pelo esforço feito pela Secretária de Estado para a Inclusão das Pessoas com Deficiência e pelo Turismo de Portugal, que realmente irá contribuir para uma mudança na área do Turismo Acessível, assim como o Programa Praias Acessíveis, entre outros. Mas será suficiente?”. Acrescentando, “Não posso concordar que vivo no melhor destino de turismo acessível se nunca consigo ir sozinho à rua porque me vou deparar com uma série de obstáculos (o principal são os passeios não rebaixados), se uma parte considerável dos serviços públicos, incluindo centros de saúde, não são acessíveis, se tenho de ligar para 10 restaurantes até encontrar um onde possa entrar.”
SE PORTUGAL QUER POSICIONAR-SE COMO UM DESTINO TURÍSTICO ACESSÍVEL, A MUDANÇA TEM DE SER EFETIVA E DE RAÍZ!
A Associação Salvador concorda que está a ser feito um esforço na área das acessibilidades e acredita que este prémio pode representar e impulsionar o compromisso para continuarmos a apostar nesta área. Mas ainda há um longo caminho a percorrer, com urgência. Se Portugal quer posicionar-se como um destino turístico acessível, a mudança tem de ser efetiva e de raíz.
Existe uma lei de 2006, que necessita urgentemente de ser revista, pois por um lado contempla inúmeras exceções, e por outro lado já foi superado em muito o tempo limite de adaptação que previa para os diferentes tipos de espaços, sem que tivesse existido fiscalização e penalizações. Em pleno século XXI, continuam a abrir espaços todos os dias sem acessibilidades, realizam-se obras mal feitas, incluindo passadeiras mal rebaixadas ou rampas demasiado inclinadas, que não é possível utilizar. Neste momento não é possível ter uma boa experiência a nível de acessibilidades em Portugal.
Com este prémio e esta responsabilidade, a Associação Salvador exige que o Governo atual e do próximo mandato assumam o compromisso da aposta nesta área das acessibilidades. “A fiscalização por parte das entidades responsáveis como as Câmaras Municipais e o Instituto Nacional para a Reabilitação (INR) tem de ser exigida, a lei tem de ser revista neste novo ano, assim como as verbas alocadas para a área das acessibilidades. Só assim realmente poderemos falar num caminho para sermos um destino de turismo acessível” alerta Salvador Mendes de Almeida.
As manifestações das pessoas com deficiência foram mais que muitas, argumentando que o prémio não é justo. “Será que emigrei e não dei conta?”, cita Hugo Maia. “Este ano desbravei algumas praias e apesar de serem classificadas como acessíveis, a realidade na areia é bem diferente. Este prémio só pode ser uma brincadeira.”, Catarina Oliveira. “A maior parte das vezes as plataformas elevatórias estão avariadas, mas por outro lado os Parques de Sintra têm feito um excelente trabalho e deviam ser um exemplo a seguir por todos”, Carlos Nogueira. “Sinto que haverá uma frustação enorme dos estrangeiros quando cá chegarem”, Ricardo Teixeira.
A Associação Salvador acredita que existe aqui uma oportunidade para mudar e realmente mostrar que Portugal pode vir a ser o melhor destino Acessível. Para isso é necessário continuar a trabalhar nesse sentido, e não nos contentarmos com um prémio, que ainda está longe da verdade.
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