Durante 4 dias, uma equipa de virtualizadores do património dedicou-se ao processo de reconstruir virtualmente o castelo da localidade, equipa onde esteve representada a Câmara Municipal de Évora, presença constante no evento desde a sua origem em 2015.
O objetivo inicial – que se mantém desde a criação deste conceito de arqueologia em Montemor-o –Novo e evolui – é a contínua criação de sinergias e ligações, a definição de critérios de aproximação, bem como o estruturar de uma coesão profissional no seio desta área de trabalho, que se afirma cada vez mais no panorama da preservação e divulgação do(s) património(s) local(is).
A partir da estruturação de um grupo de profissionais que se dedicam à temática, estabelece-se, de forma crescente, uma metodologia e uma estratégia, construindo-se uma equipa multidisciplinar, repartida entre Portugal e Espanha, com formações em inúmeras disciplinas, da História à Arqueologia, passando pela Arquitectura e Produção de Conteúdos Multimédia.
Para a 4ª edição, a escolha do monumento a virtualizar recaiu no castelo local, estrutura que, até à segunda metade do século XVI, esteve ligada à Comenda de São Tiago. Através de um processo de trabalho de campo, recolha de imagens no terreno e levantamentos exaustivos de drone, conjugados com a análise da documentação coeva, foi possível à equipa apresentar uma proposta de organização do espaço, bem como criar uma série de conteúdos que permitem uma nova abordagem à valorização turística e patrimonial deste.
Em termos de resultados, o castelo de Alange é hoje possível ser visualizado com recurso a vistas 360º panorâmicas, infografias da estrutura e uma série de produções audiovisuais, aproximando os locais do seu legado através da criação de um monumento virtual, reforçando o seu espaço de memória e contribuindo para o acrescento do conhecimento do património.
A Arqueologia Virtual veio quebrar a quarta parede entre o conhecimento científico e a divulgação ao público. Hoje, graças aos avanços tecnológicos, o profissional de arqueologia tem uma nova ferramenta à sua disposição que lhe permite mostrar ao público em geral, em concreto, aquilo que sempre viu ao olhar para uma ruína arqueológica ou para um monumento com várias fases diferentes de construção. É uma área que está constantemente a evoluir, a permitir-se descobrir, seja por via dos programas constantemente atualizados, mas, e acima de tudo, pela capacidade e criatividade dos utilizadores destas ferramentas.
Com efeito, a (re)descoberta do património por via dos instrumentos digitais, conserva dimensões que extravasam consideravelmente o âmbito mormente visual. São formas e estratégias de comunicação que se estabelecem entre a pesquisa puramente académica e a transmissão do conhecimento à generalidade da população.