Cultura, Póvoa de Varzim

Aurelino Costa e Carlos Quiroga são os primeiros a lançar livros no 19º Correntes d’Escritas

O 19º Correntes d’Escritas começou ontem, dia 21 de fevereiro com a Sessão Oficial de Abertura, no Casino da Póvoa e como já é habitual, todos os anos há lançamentos de livros, mais uma iniciativa do Correntes d’Escritas que junta não só escritores, mas também leitores, editores e jornalistas.

O primeiro lançamento decorreu ontem à noite, no Hotel Axis Vermar e forma apresentados dois livros, Gadanha, do poveiro Aurelino Costa e Raízes de Pessoa na Galiza, de Carlos Quiroga.

Em Gadanha tudo se descarna, à medida que o verbo torna tudo mais concreto. É este o paradoxo, a juntar ao estilo desconcertante deste poeta – onde as metáforas se montam como se fossem simultaneamente armadilhas para pássaros e a língua erudita se funde no vernáculo popular numa forma singular, única.

Gadanha assemelha-se ao cavaleiro de O Sétimo Selo, de Ingmar Bergman, que joga xadrez com a morte. E que, apreensivo, ressacado, de soslaio, pensando no movimento do bispo e no resguardo do cavalo, examina o enigmático brilho da lâmina da gadanha, perpetuamente afiada, enquanto lhe anuncia, pertinaz: cheque-mate.  Ver fotogaleria.

O livro Raízes de Pessoa na Galiza prova a ligação genealógica que por via materna leva Fernando Pessoa a um trisavô galego. Oferecem-se as provas documentais e reconstrói-se a prodigiosa peripécia deste antepassado, que como capitão e sargento-mor graduado passou por Faro e Lisboa e chegou a lecionar na Academia Militar da Ilha Terceira, falecendo com 63 anos em Angra do Heroísmo. A família galega de Pessoa no século XVIII e as tentativas de examinar possibilidades de parentescos atuais, constituem capítulos complementares.

Uma segunda parte aborda as relações literárias do próprio Pessoa com este espaço, reportando-se às referências a Orpheu nas resenhas produzidas de modo exclusivo na Galiza e especialmente à naturalidade galega de Álvaro de Campos e muito em particular de Alberto Caeiro. Aponta-se a conjetura de um Caeiro galego ser referente real, na sugestão do nome do heterónimo por parte de Guisado, e ainda se fundamenta a hipótese de um dos textos publicados em jornal galego sobre a revista portuguesa ser de provável autoria pessoana.

Nesta edição do Correntes de’Escritas vão ser ainda apresentados mais 13 livros de autor conceituados.

Veja a fotogaleria.

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