Decorreu na passada sexta-feira, dia 20 de janeiro, a apresentação da nova iniciativa da Biblioteca Municipal de Castro Marim, “Um Livro Roubado”, uma iniciativa de promoção da leitura fundamentada numa política de proximidade e com um fundo documental muito peculiar.
Foram então dispersas pelas ruas do concelho pequenas réplicas da Biblioteca Municipal de Castro Marim, num trabalho de carpintaria que não passa, com certeza, despercebido aos transeuntes. Nessas ‘pequenas bibliotecas’ estão os livros de um fundo doado à biblioteca municipal por Ivan Dias, realizador de cinema, que hoje terá o ser percurso marcado à conta de um livro roubado pelo seu pai, nos anos 40, em Moçambique (história completa em anexo).
“Estamos a fazer história hoje”, garantiu o presidente da Câmara Municipal de Castro Marim, Francisco Amaral, referindo a bibliomóvel como iniciativa também exemplar, mas realçando que esta é a primeira vez em que “fazemos os nossos jovens encalharem na biblioteca”, numa utilização das estratégias do “marketing de guerrilha” em prol do ensino e da cultura, contrariando uma tendência que se torna cada vez mais real em Portugal, “os hábitos de leitura estão a perder-se e até existe alguma dependência das nossas crianças e jovens e até adultos relativamente às redes sociais e aos videojogos com alguma violência”.
Os leitores interessados podem agora levar consigo um livro sem data de devolução marcada, fazendo-o substituir por outro, numa tentativa de se criar uma rede de cultura e conhecimento de fácil acesso e interação. O objetivo é inspirar os futuros leitores a “roubarem” o livro sem ser necessário recorrer a empréstimo formal, à luz da história do doador do referido fundo documental, agora denominado “Um livro Roubado”. “Daqui a um ano, vamos, com certeza, aumentar significativamente o número de leitores em Castro Marim”, declarou a vice-presidente e vereadora da Cultura, Filomena Sintra, lançando ao público o repto de partilharem as histórias que vão lendo com a #umlivroroubado.
Podem ser policiais ou histórias de amor, de poesia ou do fantástico, ou mesmo um simples guia de viagem. Ivan Dias entregou à biblioteca, aproximadamente, 600 livros, que, num ato de desapego à sua biblioteca particular, os entrega a Castro Marim, para si, terra mítica, que o encanta desde a primeira visita, quase anónima, na descoberta das raízes do Paco de Lucia, num trabalho de produção para o CLAZZ LISBOA, Madrid e México.
Todos os livros de “Um Livro Roubado” estão sinalizados com um autocolante e um panfleto que contextualiza a iniciativa e que convida o leitor a conhecer a Biblioteca Municipal, onde se encontra todo o fundo documental residente.
O lançamento da iniciativa foi enriquecido com a apresentação do conhecido contador de histórias, Jorge Serafim, que animou e estimulou as crianças e jovens do público.
A próxima fase será ligar esta iniciativa à ação “Bookcrossing”, um conceito mundialmente conhecido e que consiste da prática de deixar um livro num local público, para que outros o encontrem e o possam ler, libertando-o depois e assim sucessivamente.