Serralves vai estar em Torres Vedras no âmbito de um ciclo retrospetivo dedicado a Edgar Pêra.
Com curadoria de António Preto, esta iniciativa, que é levada a cabo em colaboração com o Município de Torres Vedras, incluirá um ciclo de cinema no Teatro-Cine de Torres Vedras que abordará a obra deste cineasta, uma exposição na Paços – Galeria Municipal de Torres Vedras também retrospetiva do trabalho deste artista e a estreia do filme “Delírio em Las Vedras” no cinema NOS do centro comercial Arena Shopping, uma recente película de Edgar Pêra sobre o Carnaval de Torres.
Segundo refere a Fundação Serralves acerca desta iniciativa “a extensão da Retrospetiva de Edgar Pêra (…) propõe um percurso através das múltiplas facetas da produção cinematográfica do autor – particularmente prolixa, instável, caótica e difícil de abarcar na sua globalidade – que é, também, peça fundamental para perspetivar a invenção da modernidade em Portugal.
Edgar Pêra (1960, Lisboa) tem construído, desde meados da década de oitenta, uma obra sem paralelo no panorama do cinema português. Concluída a formação na Escola Superior de Teatro e Cinema, em 1984, o realizador desenvolve, muitas vezes em parceria com outros artistas, um trabalho multifacetado onde a experimentação de diferentes meios, linguagens e suportes fílmicos, da película ao vídeo, passando mais recentemente pela internet e pelo formato 3D, se cruza com o videoclipe, a banda desenhada, as atuações ao vivo, a televisão, o teatro e a instalação.
Reclamando a herança das primeiras vanguardas, Edgar Pêra é um dos protagonistas da geração que, nos anos 90, procura sinais de uma nova vivência urbana sobre as ruínas do incêndio do Chiado. Ao mesmo tempo que acompanha de perto a emergência do rock português ou as primeiras edições da Moda Lisboa, documentando o quotidiano com uma obsessão de arquivista, Edgar Pêra – homem-câmara à Dziga Vertov para quem a máquina de filmar é um prolongamento do corpo – usa os seus cine-diários como matéria visual e ficcional para os comics, crónicas e recensões críticas que publica nas páginas do semanário O Independente e da revista K. Esta colaboração regular com a imprensa – que, conjuntamente com cadernos de esboços e outros trabalhos gráficos, será apresentada numa exposição documental – é indissociável da sua produção como cineasta e ajuda a enquadrar o universo de mutantes que povoa os seus filmes.
Trata-se, de facto, de uma obra que conjuga uma apropriação irónica do imaginário fantástico com estratégias do cinema de animação e efeitos especiais dos primórdios do cinematógrafo, num ritmo de montagem soviético, quase sempre embrulhado numa estética de série b.
Subvertendo códigos da narrativa clássica e valores plásticos consensuais, mostrando-se mais interessado num cinema de sensações do que de emoções, desmontando estereótipos para pôr em causa noções como a realidade e o realismo, o seu trabalho nunca deixou, porém, de se centrar nos dilemas da atualidade”.
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