A Misericórdia de Monchique, abriu a sua exposição de “Bandeiras da Procissão”, iniciativa integrada na programação da Semana Santa de Monchique, na Igreja da Misericórdia de Monchique.
Patente ao público até 03 de abril, esta exposição conta com a “coleção das Bandeiras da Misericórdia, todas elas do séc. XVIII, incluindo a Bandeira Real da Misericórdia de Monchique.
A Bandeira Real, apresenta de um dos seus lados a Nossa Senhora da Misericórdia, onde a Virgem coroada, de mãos postas, abre o manto protetor, seguro por dois anjos, acolhendo, à direita, o Papa coroado com tiara, um frade trino e dois clérigos; à esquerda, o rei envergando manto de arminho, a rainha e dois nobres. Aos pés da Virgem, um mendigo desnudo.
Do outro, a imagem de Nossa Senhora da Piedade, onde a Virgem acolhe o Filho morto, amparado por S. João, que chora a Sua morte. Maria Madalena, com as mãos ao peito, ajoelha-se diante do Senhor supliciado.
A representação da Senhora da Misericórdia, ou Senhora do Manto, é sem dúvida uma das representações mais expressivas do profundo sentir do povo cristão, que se “sente” acolhido e protegido sob o manto materno de Nossa Senhora. Povo cristão que se identifica com toda a sociedade organizada, estando de um lado, as figuras representativas da igreja (papa, bispos, cardeais, ordens religiosas) e do outro lado a sociedade civil (reis, nobres e povo), encontrando-se em algumas representações, os pobres e presos sob os pés da Virgem, expressão evocativa de estar sob a Sua proteção.
O conjunto de oito Bandeiras, agora em exposição, são um dos mais expressivos símbolos desta ímpar instituição, elas são o retrato do pensamento, da tradição, da cultura institucional e da inconfundível identidade e autonomia da Misericórdia.
Tal como nos seus Compromissos, Regulamentos internos, práticas litúrgicas e sociais, arquitetura e iconografia, também nas suas bandeira existem verdadeiros lábaros institucionais. As Misericórdias souberam afirmar o seu carácter de instituições de tipo modelar, ou seja, instituições que, obedecendo a um modelo comum, se adaptam às realidades, necessidades, gostos e modos de cada tempo e cada lugar, adaptando-lhes igualmente nomes e símbolos, frases e figuras.
Sendo encomendadas, consoante as posses de cada Misericórdia ou dos seus provedores e benfeitores, aos melhores mestres de pintura ou a modestos artesãos locais, obedecem ao padrão comum primeiramente usado pela Misericórdia de Lisboa e depois imposto ou pela exemplaridade ou mesmo por determinação real, como foi o caso do alvará filipino mandado pintar em todas elas a figura de um frade trino que as antigas iniciais FMI (Fraternitatis Misericordiae institutio) serviriam para, em leitura forçada, identificar com Frei Miguel Instituidor. Isso não impediu, antes pelo contrário, que a criatividade dos artistas e de cada Misericórdia utilizasse as adaptações do modelo comum para perpetuar sentimentos, crenças e desvelos que fazem das bandeiras das Misericórdias uma das mais ricas expressões do nosso património cultural e religioso.
Estas Bandeiras são levadas pelos Irmãos da Misericórdia, durante a Procissão do Enterro do Senhor (Sexta Feira Santa), onde, exclusivamente, podem ser contempladas. Com a decisão da Misericórdia em integrar esta exposição na Semana Santa de Monchique, componente Cultural e Religiosa, surge assim esta oportunidade única para apreciar este património valioso de arte sacra e inteirar-se melhor, da história destas bandeiras e o que elas representam, uma vez que estará patente descrição sobre as mesmas.
De realçar que a Misericórdia de Monchique é uma das mais antigas do País tendo sido instituída logo após a criação da Misericórdia de Lisboa em 1498 por parte da Rainha D.Leonor.
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