A Fábrica Alentejana de Lanifícios que produz as tradicionais mantas de Reguengos de Monsaraz vai celebrar 100 anos com a apresentação de um documentário e o lançamento do vinho Esporão Edição Especial Manta Alentejana. A comemoração vai decorrer na sexta-feira, dia 20 de novembro, a partir das 18h30, nas instalações da fábrica.
O vídeo sobre a Fábrica Alentejana de Lanifícios inicia-se com uma manta de 1915 exposta no edifício e que pertencia a um enxoval e parte para a história dos lanifícios, juntamente com um retrato económico, social e cultural do concelho. Já com a atual proprietária, a holandesa Mizette Nielsen, que adquiriu a fábrica em 1976, o documentário relata a revitalização das mantas e a conquista da sua reputação mundial de qualidade, tanto ao nível dos desenhos tradicionais e originais, como dos materiais e da execução.
A Fábrica Alentejana de Lanifícios provém de uma mais antiga criada em finais do século XIX. Em 1958 e em 1982 recebeu a medalha de ouro para o melhor design e qualidade, respetivamente na Exposição Universal e Internacional de Bruxelas e na Feira Internacional de Têxteis em Helsínquia. Mizette Nielsen conta a história da fábrica no livro Mantas Alentejanas Arte e Tradição, que editou com fotografias de Paula Oudman.
A Fábrica Alentejana de Lanifícios ainda utiliza teares manuais com mais de um século. As mantas foram utilizadas durante muitos anos pelos pastores para se protegerem do frio quando guardavam os rebanhos no campo. Por isso, as cores e os padrões originais estão relacionados com motivos do Alentejo, como os campos floridos e os seus tons laranja, amarelo, vermelho e castanho, e com modelos que remetem por exemplo para as casas alentejanas, os castelos ou as searas.
Atualmente, as tecedeiras unem a fidelidade aos padrões existentes (mais de 600 desenhos) às tendências da moda e aos gostos do cliente, sendo cada vez mais comuns produzirem-se mantas com tons fortes. Recentemente tornaram-se muito conhecidos os tecidos utilizados em calçado, como as botas da marca Buenos Aires.
Os principais clientes de Mizette Nielsen são arquitetos nacionais e internacionais, hotéis, mas também o estilista japonês Kenzo Takada, que esteve em Reguengos de Monsaraz a visitar a fábrica. Japão, Estados Unidos da América e Espanha são alguns dos países que recebem os tecidos produzidos na Fábrica Alentejana de Lanifícios.
O jornal New York Times nomeou as mantas de Reguengos de Monsaraz como um dos últimos três ofícios manuais seculares existentes na Europa. A Fábrica Alentejana de Lanifícios está nos principais guias de turismo internacionais e já foi motivo de reportagem em publicações como o jornal The Observer (Reino Unido), Revista AD Architectural Digest (Espanha), Marie Claire Maison e Côté Sud (França), T Magazine do The New York Times (Estados Unidos da América), entre muitas outras. As mantas alentejanas são também promovidas pelo Município de Reguengos de Monsaraz através dos meios de comunicação social portugueses e estrangeiros que realizam reportagens no concelho, assim como nas feiras e eventos turísticos nacionais e internacionais onde a autarquia divulga os produtos tradicionais da região.
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