Delio Fernández (W52-Quinta da Lixa) venceu, esta quinta-feira, no alto da Torre, em Seia, a etapa rainha da 77ª Volta a Portugal Liberty Seguros e comemorou pela segunda vez uma vitória nesta edição. A finalizar o trabalho de equipa, o espanhol atacou no último quilómetro e levou atrás o companheiro de equipa e líder Gustavo Veloso. Quatro segundos depois terminou Jóni Brandão (Efapel).
Com as contas feitas na vertigem dos 1970 metros da Serra da Estrela e destacando o segundo lugar do comandante da competição é possível afirmar que Veloso está mais perto da vitória na Volta a Portugal. No final o galego mostrou-se muito satisfeito com a equipa, principalmente com o trabalho do colega e compatriota Delio Fernández. “Ele merecia ganhar esta etapa. Delio fez um trabalho excecional, levou-me até ao risco da meta. Foi uma verdadeira batalha.”
Depois de triunfar no alto da Serra do Larouco, em Montalegre, na 2ª etapa, Delio Fernández conseguiu ser o primeiro a passar o risco de meta na Torre, uma chegada que sempre lhe mereceu muito carinho. “Em 2008 quando fiz a primeira Volta a Portugal, fiquei surpreendido com esta chegada. Foi uma grande alegria vencer aqui.”
Para além de estar de pedra e cal no topo da classificação geral, Veloso continua diariamente a reforçar a liderança na classificação dos pontos, Camisola Vermelha Banco BIC, e é também o líder do Prémio Kombinado KIA. O prémio da Juventude, Camisola Branca RTP, mantém-se na posse do russo Aleksey Rybalkin (Lokosphinkx).
Condeixa estreante no regresso da subida da Covilhã
Depois da jornada de descanso do pelotão foi tempo de voltar aos pedais. O município de Condeixa-a-Nova não podia estar mais feliz à partida desta 7ª etapa. No dia em que se estreou na Volta, a vila serviu de rampa de lançamento para o arranque da etapa rainha, que levou 113 corredores rumo ao ponto mais alto de Portugal Continental. Até Seia (Torre), estavam pela frente 171,3 quilómetros e um regresso. Onze anos depois, a Volta subiu, em final de etapa, pela vertente Covilhã-Penhas da Saúde, a mais dura das subidas. À partida os adversários do líder Gustavo Veloso já só tinham em mente a vontade de dar a volta às contas da Volta.
Depois de muitas tentativas de fuga no início da tirada, surgiu o primeiro Prémio de Montanha aos 35 quilómetros e o “Príncipe da Montanha”, Bruno Silva (LA Alumínios-Antarte) chegou-se à frente, como habitualmente, e foi o primeiro a somar pontos. Não satisfeito, logo a seguir saiu do pelotão com mais sete corredores rumo ao segundo Prémio de Montanha, de 2ª categoria, e tratou de vencer novamente. Automaticamente o corredor do conjunto de Paredes transformou-se em Rei da Montanha porque mais ninguém, até ao fim, conseguirá chegar à pontuação já obtida, ou seja, a Camisola Azul Fundação do Desporto é a primeira com dono definitivo, basta Bruno Silva chegar a Lisboa.
Do grupo fugitivo, com muitas movimentações ao longo da tirada, os últimos a resistir foram Filipe Cardoso (Efapel) e o belga Christoph Prémont (Verandas Willems), alcançados a 21 quilómetros da Torre, exatamente na passagem pela Covilhã. As últimas cenas deste episódio foram escritas no asfalto desenhado em pleno Parque Natural da Serra da Estrela. Jóni Brandão (Efapel), terceiro da classificação geral, atacou a 15 quilómetros da chegada, numa fase crucial da etapa, e teve a companhia de Rui Sousa e Virgílio Santos (Rádio Popular-Boavista). Virgílio, o mais combativo da tirada, não aguentou o ritmo e deixou os dois últimos a lutar pela vitória na Torre. Foi quando surgiram, nos derradeiros instantes da etapa, os homens da W52. Com imenso público a assistir e bom tempo no topo do continente português as emoções só podiam ser altas, tal como a Serra da Estrela.
Momento do Dia
A etapa das etapas
Há um dia na Volta que é maior que todos os outros, uma etapa que é rainha, onde o espetáculo do ciclismo nacional atinge o auge e para onde convergem todas as atenções. Por essa razão muitos subiram a serra logo pela manhã estenderam a toalha do pic-nic e ficaram à espera da corrida. Outros juntaram-se à festa na partida. Em Condeixa-a-Nova, era possível ver o campeão nacional Nelson Oliveira que alinha na italiana Lampre-Merida. Entre muitos cumprimentos aproveitou para rever velhos amigos e confessou ainda o desejo de um dia marcar de novo presença na prova máxima do ciclismo português.
Eduardo Marçal Grilo, ex-ministro e grande amante da modalidade, e Emídio Guerreiro, Secretário de Estado do Desporto e da Juventude, também fizeram questão de aplaudir, logo à saída, os “cavaleiros do asfalto”.
Na passagem pela Covilhã, em plena prova, Emídio Guerreiro, mais afoito, subiu para uma das motos da organização para viver de perto as últimas emoções da etapa. O Ministro Ajunto e do Desenvolvimento Regional, Miguel Poiares Maduro, estava no fim, no Clube da Volta, a assistir ao emocionante final de etapa. Sampaio da Nóvoa, candidato à Presidência da República foi outra presença notada na Serra da Estrela.
8ª Etapa – 7 agosto 2015
Guarda – Castelo Branco | 180,2 Km
Hora da Partida – 12h45
Ainda com as emoções da etapa rainha à flor da pele, a caravana da Volta a Portugal alinha-se na cidade mais alta de Portugal, a Guarda. O pelotão de resistentes, com 180,2 Km pela frente, rumará, esta sexta-feira, a Castelo Branco. No final da tirada, a emblemática e empedrada Avenida Nuno Álvares estará, como sempre, ansiosa para assistir a mais uma emocionante chegada a alta velocidade.
Informações – http://www.volta-portugal.com/etapas/phps/etapa_home.php?etapa=8