Cultura, Óbidos

Gravuras de Vieira da Silva em exposição em Óbidos

Gravura Vieira da SilvaO Museu Municipal de Óbidos recebe no dia 1 de agosto a obra de Vieira da Silva, num diálogo entre artistas. Josefa d’Óbidos, pintora do séc. XVII, e Maria Helena Vieira da Silva, pintora do séc. XX, vão viver, até dia 26 de outubro, neste espaço comum, que é o Museu Municipal de Óbidos.

Uma exposição que acontece inserida nas comemorações dos 20 anos da Semana Internacional de Piano de Óbidos (SIPO) e da Fundação Arpad Szenes – Vieira da Silva. Óbidos recebe entre muralhas este projeto, que liga um conjunto de instituições que muito contribuem para promover a arte e os artistas portugueses.

 

EXPOSIÇÃO ITINERANTE DE GRAVURA – Vieira da Silva

A Fundação Arpad Szenes – Vieira da Silva conta no seu espólio com uma significativa coleção de gravura de Maria Helena Vieira da Silva. De um conjunto de 286 gravuras foram selecionadas 33, pela sua representatividade técnica – abrangem desde o buril à águatinta, serigrafia e litografia; pela sua data de produção, que vai dos anos 1960 a 1991, ou seja, todo o período de maturidade da artista; e ainda pela sua diversidade temática e plástica, de representações mais abstratas a representações figurativas, todas elas resultantes de um similar percurso da artista na pintura.

Este conjunto que se apresenta é, deste modo, um percurso gráfico revelador de um outro percurso, o pictórico. Tratando-se de múltiplos e obras sobre papel e, consequentemente, emolduradas sob vidro, é mais fácil a sua itinerância como  exposição  dando a conhecer a todos os públicos a obra da maior artista plástica portuguesa do século XX.

VIEIRA DA SILVA _ OBRA GRAVADA

“A gravura tem um significado próprio no conjunto da obra plástica de Vieira da Silva que não perturba o seu desenvolvimento ou modifica o seu sentido. A artista inicia-se nas técnicas da água-forte, do buril e da ponta seca em 1929, no célebre Atelier 17 dirigido por Stanley William Hayter, em Paris. Breve iniciação, pois só em 1960 a técnica do buril é retomada quando realiza as gravuras para L’Inclémence Lointaine de René Char. O mesmo com a litografia (a primeira data de 1948), que retoma em 1961, após algumas experiências que não a satisfazem. A serigrafia é praticada pontualmente, a insistentes pedidos do galerista Pierre Loeb e de Lourdes Castro e René Bertholo, artistas portugueses que viviam em Paris. De todas as técnicas, Vieira da Silva prefere o buril, a gravura a preto e branco, pela luz que permite com os contrastes da gama de cinzentos. A litografia a cores levanta reticências e reservas, pela opacidade e falta de qualidade das tintas de tipografia. A procura da transparência leva-a a preferir o papel Japão, mais luminoso. A obra gráfica de Vieira não deve ser encarada como uma produção redutora, pois a artista sempre fez questão de controlar a edição dos múltiplos que assinou, com a mesma exigência que tinha para com o seu trabalho. As diferentes técnicas, com características e constrangimentos específicos, não condicionaram o objetivo criador: encontramos, com estes ou outros títulos e nas suas variações, temas como Bibliotecas, Labirintos, Cidades, Estações, Jardins, Azulejos. A preocupação da artista centrou-se, nestas como noutras técnicas, na descrição do tempo, na sugestão do espaço. Vários historiadores de arte referem que a obra de Vieira da Silva se caracteriza por uma meditação sobre o quadrado, o azulejo da terra natal, cuja característica é ser múltiplo. Ligado ao tempo e ao espaço, o azulejo isolado representa um instante; a sua multiplicação pressupõe uma duração, a sua disposição traça uma perspetiva e a sua desarrumação pode confundi-la. Tanto as Cidades como as Bibliotecas de Vieira aludem ao tempo, à história e ao espaço. Os livros podem ser casas, a sua organização nas estantes são edifícios e ruas, os jardins são subvertidos pelas estações e temas como Atlântida exploram o tempo e o espaço lendários. Como na pintura, Vieira da Silva tentou pela gravura descrever o mundo e desvendar a sua complexidade, sugerindo o espaço, o correr do tempo, utilizando metáforas e metamorfoses. Este conjunto de gravuras desvenda a sua tentativas de traduzir a realidade que não corresponde nunca à maneira como nos habituaram a vê-la, de uma forma plasticamente credível.”

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