O programa de cuidados de saúde intermunicipal «Cuidar», lançado pelas autarquias de Vila Real de Santo António e Olhão, já devolveu a visão a cerca de duas centenas de munícipes, resolvendo os problemas oftalmológicos de muitos algarvios que aguardavam há mais de quatro anos por uma primeira consulta no Serviço Nacional de Saúde.
«A resposta rápida e personalizada aos problemas das pessoas é a razão do sucesso deste programa que, em pouco mais de meio ano, terminou com as listas de espera dos vila-realenses que desesperavam por uma consulta ou cirurgia oftalmológicas. Em poucos meses, realizámos muito mais consultas que o próprio Hospital Central do Algarve», afirma Luís Gomes, presidente da Câmara Municipal de Vila Real de Santo António.
Prova deste êxito são também as mais de 4000 consultas já levadas a cabo pelo «Cuidar», nos dois municípios, número nunca antes registado por qualquer programa de saúde local e que permitiu a deteção de patologias graves que evitaram situações de cegueira.
«Além de termos devolvido a visão e a qualidade de vida a muitas pessoas através da realização de duas centenas de cirurgias às cataratas e outras patologias, aqui aposta-se também na prevenção. Se não fosse este programa, muita gente continuaria em risco sério de cegar devido a complicações como o glaucoma ou o descolamento de retina», destaca Luís Gomes.
Rapidez é, aliás, uma das qualidades que caracteriza este projeto: desde a marcação de consulta até ao diagnóstico ou ao encaminhamento para cirurgia, o processo faz-se em pouco mais de um mês, pondo fim à espera de muitos munícipes que aguardavam há quatro ou cinco anos por uma primeira consulta no Serviço Nacional de Saúde.
A vertente social é outra das matrizes do «Cuidar», que se dirige preferencialmente a pessoas com rendimentos inferiores ao salário mínimo nacional ou que não dispõem de capacidade económica para suportar os tratamentos numa unidade privada. Por essa razão, o programa é desenvolvido pelos Serviços de Ação Social dos dois municípios, que efetuam a triagem e a inscrição dos utentes.
«Neste momento, não há ninguém em VRSA que não se trate por não dispor de capacidade económica. Este é claramente um sinal de que o projeto é um exemplo para o país e para a região e cumpre a matriz que caracteriza as nossas políticas sociais», prossegue o autarca vila-realense.
Para ampliar a sua missão social, o «Cuidar» deverá ser gradualmente estendido às escolas, sendo intenção da autarquia de VRSA efetuar um rastreio oftalmológico a todos os alunos do concelho, à semelhança do que já foi efetuado com os funcionários do município e das IPSS locais.
Para divulgar o programa junto da população mais idosa, as equipas do projeto estão a igualmente a efetuar visitas porta a porta nas localidades rurais do concelho de VRSA ou nos centros de dia.
Sobre o programa «Cuidar»
O programa «Cuidar» inicia uma forma inovadora de partilha de recursos, assente em políticas de proximidade, dando uma resposta rápida aos problemas de saúde das populações.
Nesta primeira fase, está centrado nas patologias ligadas à oftalmologia, tendo em consideração o aumento das listas de espera, nesta especialidade, no sul do país.
Os custos da rede são divididos pelos municípios de VRSA e Olhão, que têm ao seu serviço uma equipa médica que efetua o diagnóstico e a triagem dos pacientes. No futuro, o «Cuidar» irá estender-se a outras especialidades, podendo juntar mais concelhos a esta rede de cuidados de saúde e tirar partido das economias de escala.
Recorde-se que o município de VRSA foi pioneiro no envio de pacientes a Cuba, em 2007, altura em que, em Portugal, se esperava 4 anos para conseguir uma consulta de oftalmologia e aproximadamente 8 anos para uma operação às cataratas.
Atualmente, todos os tratamentos são efetuados em Portugal, embora o programa continue a contar com o know-how dos Serviços de Saúde da República de Cuba.
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