No dia 28 de março, pelas 21h30, “Misterman”, de Wenda Walsh, será representado no Teatro-Cine de Torres Vedras.
“Um homem/menino vive numa aldeia fictícia, Inishfree, ou uma aldeia real vive num menino/homem de 33 anos, Thomas. A mania e o fervor religioso obrigam-no a sair todos os dias de casa, munido de uma agenda, para inspecionar o comportamento dos habitantes da aldeia e o cumprimento dos valores morais e éticos. Tem a convicção de que se trabalhar muito poderá erradicar o pecado, resgatar os seus compatriotas, salvar o mundo e sentar-se ao lado de Deus: “Eu e Deus, a sorrir e olhar para baixo, para toda a minha boa obra, vai ser um lugar tão bonito! “. Vive só com uma mãe incapacitada e assume a liderança da casa desde que o pai morreu. A determinação em controlar tudo mais não é do que uma tentativa vã de controlar um espaço mais amplo, impalpável, inatingível, enigmático, traiçoeiro: o da sua mente. Um espaço onde os sons e imagens são distorcidos, a realidade e imaginação estão profundamente entrelaçadas, a fronteira entre o bem e o mal, a crença e a obsessão é demasiado ténue. Desde a trágica morte de Edel, encontra-se escondido num depósito abandonado no campo. Só, fechado, marginalizado, vive num espaço insalubre, com alguns objetos indispensáveis: a farda do pai e gravadores antigos de fita magnética. Há uma atmosfera de violência iminente e constante contra um mundo que perdeu quase tudo e que não o entende, violência contra um homem com falta de respostas e que não entende o mundo que o rodeia.
O núcleo emocional de “Misterman”, de Enda Walsh, é a solidão. Thomas é um ser humano que está completamente só. Os rituais banais da sua vida diária acontecem numa solidão quase impenetrável, agravada pela sua consciência aguda das outras vidas que continuam indiferentes, ao seu redor. Neste vazio, a imaginação e a fantasia religiosa oferecem um significado, um futuro e um sentimento de pertença, ao mesmo tempo que o conduzem ao abismo. Numa fração de segundos, um menino/homem singular perde-se na teia de uma mente terrivelmente inocente cujo desvio se revela tragicamente insano. O mundo dos sonhos é tão rico que torna a realidade inútil e, ao não conseguir substituir-se à ação, ao real, condena o indivíduo ao isolamento e à morte”.
Elmano Sancho
Enda Walsh
Dramaturgo. Nasceu em Dublin em 1967. O primeiro trabalho criativo de Enda surgiu quando se mudou para Cork e colaborou com o encenador Pat Kiernan do Corcadorca.
As suas primeiras produções incluem adaptações de “A Clockwork Orange” e “A Christmas Carol”. À primeira peça original de Enda Walsh “The Ginger-ale Boy” seguiram-se “Disco Pigs” que foi traduzida para várias línguas europeias e “Misterman”. “Bedbound” foi a primeira peça de Enda Walsh encenada por ele. Enda tem escrito também para rádio e cinema (nomeadamente o argumento de “The Hunger” de Steve McQueen).
Ficha técnica e artística
Texto: Enda Walsh Tradução: Nuno Ventura Barbosa Encenação, interpretação e versão cénica: Elmano Sancho Assistência de encenação: Luciana Ribeiro Apoio Vocal: Natália de Matos Cenários e Figurinos: Rita Lopes Alves Espaço Sonoro: Pedro Costa Luz: Alexandre Coelho Design gráfico: Sílvia Franco Santos Fotografia: Alípio Padilha Vozes: Andreia Bento, António Simão, Filipa Duarte, João Meireles, Jorge Silva Melo, Luciana Ribeiro, Mirró Pereira, Mónica Cunha, Nuno Miranda e Pedro Carraca Coprodução: Artistas Unidos, Culturproject
Este teatro tem como destinatários pessoas maiores de 16 anos e um preço de bilhete de 5€.
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