A apresentação oficial deste evento decorreu por ocasião da 22ª Feira dos Enchidos de Monchique, pelo Presidente da Câmara Municipal de Monchique, Dr. Rui André, na presença do Secretário de Estado António Leitão Amaro, do Presidente da Região de Turismo do Algarve e muitas outras individualidades nacionais e regionais.
Num verdadeiro hino ao património natural e cultural do concelho, este evento pretende afirmar mais um elemento diferenciador deste concelho, um atrativo muito especial e, acima de tudo, uma parte indissociável da identidade local que agora se pretende valorizar com este evento, uma vez que a sul do país, só mesmo em Monchique é possível observar estas plantas tão apreciadas.
Motivo de inspiração de poetas, compositores e dos artistas em geral, as camélias possuem um simbolismo muito próprio. Esta flor, sem cheiro mas de uma perfeição inigualável, prima pelo seu encanto e beleza natural, expressa também através das suas variadas formas, cores e tons.
Quando pensamos em camélias, rapidamente somos transportados para o imaginário do romance, do requinte dos jardins históricos junto aos lagos, nos bancos e a envolver as estátuas de granito e, por isso, falar de camélias é também conhecer lendas e tradições, e neste caso, conhecer a cultura de um loca.
Monchique, há muito e por muitos chamado o Jardim do Algarve, mostra o esplendor da beleza desta magnífica flor através da realização deste 1º Festival, que inclui, entre muitas outras iniciativas, o Concurso de Fotografia “Camélias de Monchique”, com o objetivo de conhecer, através da fotografia, as variedades de camélias existentes no concelho, bem como sensibilizar os concorrentes para a beleza desta flor; a Rota das Camélias, onde será dado o mote para os participantes partirem à descoberta das camélias que, em ambiente natural ou em jardim privado, vão conduzir os participantes por percursos exuberantes, tendo como cenário a fantástica serra de Monchique; a Exposição e Concurso “Camélias em flor – encanto e beleza natural”; o Mercado de Camélias; a Mostra de Artesanato, pela recentemente criada Associação Profissional de Artesãos e Artistas Plásticos de Monchique e ainda Workshops para miúdos e graúdos.
O evento culmina com um momento musical pela Academia de Música de Lagos, em simultâneo com uma degustação de chá e doces.
Está igualmente prevista uma ação de plantação de camélias nos Jardins da Vila, com a colaboração da população, já que o presidente da Câmara, Rui André, mentor e entusiasta desta iniciativa, quer afirmar ainda mais esta flor como um símbolo do concelho.
A propósito, diz Rui André, que “esta é uma iniciativa que pretende também valorizar a oferta turística da região, uma vez que é nesta altura do ano que florescem as bonitas camélias, numa altura em que existem menos atrativos, sendo por isso, mais uma forma de combater a sozonalidade e aumentar a oferta”.
Sendo Monchique o único local onde existem camélias desde Sintra e em direção ao sul, era imperioso dedicar um momento anual à promoção desta especificidade local, já que a mesma faz parte de muitos jardins e também do sentimento de muitos monchiquenses.
Esta será, assim, mais uma iniciativa da Câmara Municipal de Monchique, num fim‑de‑semana que promete muita cor e o charme tão próprios desta apaixonante flor.
Este evento conta com o apoio da Região de Turismo do Algarve, da Associação Portuguesa das Camélias e da International Camellia Society.
Algumas curiosidades e informação complementar sobre as camélias:
A enigmática beleza do Oriente
Foram os descobridores portugueses quem trouxe esta preciosa planta da China, abrindo assim caminho a uma proliferação por todo o país e também por Espanha. Séculos depois, a camélia constitui um importante elemento da paisagem, tendo sido na sua maioria plantada em belos jardins senhoriais, alimentando e iluminando a paixão e a alma das famílias e também deste local a que também carinhosamente chamamos Jardim do Algarve.
Jardins de Camélias
Transportando a enigmática beleza do Oriente, esta subtil e frágil flor de chá, é conhecida até 1735, altura em que os chineses, com o intuito de proteger o segredo do chá que produziam, ofereciam aos seus visitantes esta flor, ficando com as folhas, pois apesar de bela e de gomos carnudos, não dá bom sabor à água fervida e logo não servia para fazer chá.
Mesmo assim, os ingleses não desistiram e descobriram que os barcos onde se consumia chá, descia notavelmente o risco de escorbuto – soube-se depois que isso era devido à existência de vitamina C, algo que os navegantes chineses sabiam há séculos.
E enquanto ingleses e holandeses se aplicavam a estudar com entusiasmo as propriedades das folhas, as flores desbotadas viajavam a bordo dos seus barcos desde Londres ou Lisboa. Foi aí que foram rebatizadas e passaram a chamar-se camélias em honra a um missionário jesuíta, sendo que também por esta via passaram a difundir-se até à Galiza.
Mais tarde, passou a ser vista como um símbolo da elegância e por isso passaram a embelezar os jardins mais nobres das Cidades e Vilas com destaque para Monchique, onde ainda hoje se podem observar muitos exemplares desta espécie, constituindo, indiscutivelmente, um convite ao desfrute desta enigmática beleza com origem oriental.