No próximo ano, a Sinagoga de Tomar, monumento nacional classificado desde 1921, vai entrar em obras, com vista a dar àquele espaço as condições necessárias para cumprir devidamente a sua função, ele que é um dos monumentos mais visitados da cidade. A apresentação das ideias para o futuro do templo hebraico, construído em meados do sec. XV, sendo assim o mais antigo actualmente existente em Portugal, foi feita ontem na sessão que juntou no salão nobre do Município a embaixadora de Israel, o primeiro secretário da embaixada da Noruega e o secretário-geral da Rede de Judiarias de Portugal.
A primeira fase da obra, que consistirá na recuperação física do edifício, será apoiada pelo reino da Noruega, através do fundo EE Grants, no valor de 150 mil euros. Posteriormente, pretende-se recuperar todo o conjunto arquitectónico, incluindo a zona de banhos rituais, que está preservada tal como ficou aquando das escavações arqueológicas, de modo a torná-la também visitável e a acolher todo o espólio do Museu Luso-Hebraico Abraão Zacuto, actualmente disperso entre os arquivos municipais, o Instituto Politécnico e a própria Sinagoga.
Ontem, numa sessão muito participada, a presidente da Câmara, Anabela Freitas, realçou a importância do momento que fica a simbolizar a aposta efectiva da edilidade num dos seus mais importantes legados históricos, mas que não se limita a esta obra, passando também por um estreitar de relações com Israel e com toda a comunidade judaica, constituindo mais um dos pontos das rotas e redes históricas onde Tomar já se encontra e pretende a vir a estar presente, numa perspectiva de valorização do território e do seu potencial.
Jorge Patrão, dirigente da Rede de Judiarias, que integra 27 municípios, entre os quais Tomar, explicou o âmbito das “Rotas de Sefarad”, projecto global de valorização do legado judaico em território nacional, no qual se inclui a Sinagoga de Tomar.
Bent Bakken, representante da embaixada da Noruega, manifestou a vontade do seu país em cooperar com Portugal e a importância do apoio a vários projectos da Rede de Judiarias como forma de redimir erros anti-semitas do passado.
Muito feliz com a iniciativa estava, naturalmente, a embaixadora de Israel, Tzipora Rimon, que salientou também a importância da Sinagoga de Tomar no contexto nacional e mesmo internacional e frisou o estreitamento de relações com o concelho que este momento proporcionou. A diplomata, aliás, chegou a Tomar ainda de manhã, tendo sido recebida pela presidente e vereadores, numa reunião que serviu também para abordar assuntos económicos e outros do interesse de ambas as partes.
A cerimónia incluiu ainda uma apresentação genérica do âmbito histórico e museológico da Sinagoga e das ideias para o projecto de recuperação, que deverá estar concluído até final do ano.
Seguiu-se uma visita à Sinagoga e também ao Instituto Politécnico, igualmente parceiro do Município na revitalização e valorização da memória sefardita em Tomar, e ao cuidado do qual está neste momento a biblioteca judaica que se encontrava em condições precárias no edifício anexo ao templo.