Uma intervenção arqueológica no exterior da Casa da Inquisição, na vila medieval de Monsaraz, pretende esclarecer a presença efetiva de uma ocupação humana neste local durante a Idade do Bronze. As escavações arqueológicas começaram no dia 1 de setembro e resultam de trabalhos iniciados em 2012 no âmbito de uma intervenção do Município de Reguengos de Monsaraz, quando foi detetado o topo de uma ocupação da Idade do Bronze.
Desde 2008 que se conhece a grandiosidade desta ocupação nas colinas de Monsaraz, através do reconhecimento no terreno, pelo arqueólogo Manuel Calado, de vestígios de superfície enquadráveis neste período. Tendo em conta estes vestígios, o povoado que poderá ter existido em Monsaraz excederá largamente a cintura da muralha medieval, significando que terá sido o maior da Idade do Bronze do Sul de Portugal.
Provando a presença desta ocupação e relacionando-a com os muitos núcleos de arte rupestre da Idade do Bronze na envolvente Nascente, permitiria visualizar-se como se organizaria o território e consequentemente as sociedades nesta época, podendo avançar-se com a hipótese desta organização se centrar em grandes centros populacionais. Estes trabalhos resultam de um protocolo entre o Município de Reguengos de Monsaraz e a Associação Portanta, estão a ser codirigidos pelos arqueólogos Rui Mataloto e Ângela Ferreira, e têm a participação, em regime de voluntariado, de alunos das licenciaturas e dos mestrados em Arqueologia das Universidades de Coimbra e de Lisboa.
A escavação no exterior da Casa da Inquisição encontra-se ainda em níveis medievais, tendo sido identificada a existência de um pavimento em terra batida, assim como uma estrutura circular tipo torreão, da qual ainda se desconhece a funcionalidade. Estes trabalhos para perceber melhor a presença humana nos cerros de Monsaraz dois mil anos antes da construção do castelo são a sequência da intervenção iniciada por outra equipa que, nas cotas mais baixas, atingiu o topo dos níveis de ocupação da Idade do Bronze.