A tarde do passado sábado, 14 de junho de 2014, ficará na memória de muitos que ansiavam voltar a entrar no Cine-Teatro Garrett. As portas reabriram-se e todos tiveram oportunidade de conhecer a “nova” sala de espetáculos da Póvoa de Varzim.
Aires Pereira e Afonso Pinhão Ferreira, Presidente da Câmara e da Assembleia Municipal, descerraram a placa que assinala a reabertura do Cine-Teatro Garrett.
Também na entrada, figuram os versos de José Carlos de Vasconcelos, extrato de um poema da obra O Mar A Mar a Póvoa II, figuram na parede e ganharam vida sendo declamados pelo próprio.
Aires Pereira recuou no tempo para lembrar que “em 1998, a Câmara Municipal salvou o Garrett de se transformar em mais um centro comercial da Póvoa de Varzim. Foi nessa data que nós o compramos. Três anos depois, o Garrett estava encerrado porque não tinha condições de segurança para continuar a funcionar e demos início a esta verdadeira epopeia que termina com um final feliz, hoje, com o encerramento definitivo das obras neste espaço”.
Aproveitou o momento para “dar uma palavra de agradecimento ao nosso Presidente da Assembleia porque foi ele que teve o trabalho de nos aconselhar na escolha do artista que tão bem conseguiu captar o espírito do Garrett, e que está patente na escultura, na entrada”.
Para o autor da obra de arte, Telmo Mota, o Presidente também pediu “um forte aplauso pelo trabalho magnífico, através das figuras das artes que se vão desenvolver dentro deste espaço com obras e com frases de Almeida Garrett e com aquilo que é a nossa memória coletiva, o barco e as siglas poveiras, que dizem respeito a todos nós. O Telmo Mota que, apesar de não ser da Póvoa, captou a essência daquilo que é a nossa alma, de uma forma muito rápida e muito representativa, que eu acho que todos que olhamos para ali nos reconhecemos um pouquinho naquela obra que irá perpetuar a entrada do Garrett”.
Seguiu-se uma palavra também de agradecimento “ao nosso amigo José Carlos de Vasconcelos. Quando tive conhecimento deste poema, aquando do lançamento do livro O Mar A Mar a Póvoa II tive logo na minha ideia, sem sombra de dúvida, de que era algo que tinha que ficar aqui no hall de entrada do Garrett”. Isto porque, “para os mais saudosistas, e nos quais eu me incluo, porque morava rigorosamente aqui ao lado, encostado ao Cine-Teatro Garrett, esta era a casa dos sonhos para todos nós. Hoje, tentamos, dentro da medida do possível, que essa memória aqui ficasse e acho que o José Carlos de Vasconcelos, neste poema, do qual fizemos um extrato daquilo que para nós efetivamente marca mais esta casa, diz tudo a todas as pessoas que tiveram oportunidade de vir aqui um dia. Toda a gente que aqui entrar pelo menos um pouquinho de emoção vai sentir dos tempos passados”, constatou.
O Presidente transmitiu que “esta é também a oportunidade para as nossas associações. Ao Varazim Teatro, tenho que lhe dar uma palavra especial porque conseguiu resistir ao encerramento do Garrett, conseguiu continuar a criar um público que gosta de teatro e que, portanto, nos irá facilitar muito a vida neste processo da reabertura porque já temos um público fiel de teatro. Um agradecimento ao Varazim pelo esforço quase estoico que teve em manter vivo o teatro em condições muito difíceis”.
Aires Pereira revelou que “esta vai ser uma casa dirigida por poveiros e, em primeiro lugar, para poveiros. Esta é uma casa que foi feita com o dinheiro de todos nós e faz todo o sentido que ela fique, em primeiro lugar, ao serviço de todos: associações, coletividades, enfim ao serviço de todos aqueles que precisarem de utilizar esta sala para divulgar a sua arte, cultura, música ou até para promover os seus produtos e atividade comercial”.
O edil partilhou a vontade do Município: “queremos que isto seja mais do que uma sala de espetáculos, que volte a ser aquilo que o Garrett era em tempos”. A este propósito, recordou que em frente ao Garrett “era ponto de encontro das freguesias do concelho, primeiro de bicicleta, depois de motorizada. Infelizmente, quando vieram os automóveis, o cinema tinha perdido a atratividade, os centros comerciais começaram a aparecer e a casa foi morrendo”.
Acrescentou ainda que “nós queremos que este Cine-Teatro Garrett, em conjunto com mais dois equipamentos, que pretendemos que sejam duas sinergias importantes para a reanimação do centro da cidade (a recuperação da Fortaleza que vai começar em setembro e a recuperação da fábrica A Poveira como um ponto de referência ligado à restauração e à indústria da conserva), faça com que a Póvoa seja um destino diferente, atrativo e onde as pessoas se lembrem de vir”.
Neste sentido, Aires Pereira referiu-se ao empenho da autarquia na promoção da nossa cidade: “temos feito um trabalho, de muita gente, na credibilização das nossas praias. Amanhã, 15 de junho, inicia-se a época balnear, na Póvoa de Varzim, com toda a tranquilidade, com as barracas a funcionar, com as condições de segurança a funcionar, com os parques de estacionamento todos organizados, enfim, com a tranquilidade que não se vive em muitos sítios do país. Temos muitas razões para esperar que este Verão seja, efetivamente, o Verão do nosso contentamento de muitos anos atrás, em que todos gostavam de vir até à Póvoa”.
Prestes a terminar o seu discurso, Aires Pereira não quis deixar de lembrar que “esta foi a obra mais difícil que tivemos até hoje, com um processo de financiamento difícil, que acabou por ser das verbas do Fundo de Turismo, e tivemos uma falência pelo caminho. Mas tudo está bem quando acaba bem”.
Por fim desejou que “todos gostem tanto desta casa como aqueles que foram capazes de a por de pé, os técnicos da Câmara Municipal”, a quem o Presidente reconheceu “empenho, dedicação e carinho na execução da obra”.
Depois desta primeira visita, à noite, decorreu o espetáculo de estreia do Cine-Teatro Garrett, com Rodrigo Leão, que se repetiu no dia seguinte, domingo.
Melodias singulares que impressionaram o público, complementadas pelas vozes de Celina da Piedade, também acordeonista, e Selma Uamusse, convidada. Valsas, tango e fado fizeram parte do espetáculo que prendeu a plateia durante cerca de 90 minutos.
A programação de reabertura do Cine-Teatro Garrett contou ainda com um concerto, na passada sexta-feira à noite, no Largo Dr. David Alves, por Lilian Raquel e Cláudio César Ribeiro Quinteto que transportou o público para a verdadeira noite carioca, e com teatro infantil, durante o dia de ontem, domingo.
Mas as atividades continuam até 22 de junho, domingo.
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