Tomar celebrou no passado sábado o 10º aniversário do Núcleo de Arte Contemporânea (NAC), criado em 2004, na sequência da oferta ao Município, pelo Professor José-Augusto França, de uma parte significativa da sua colecção resultante de várias décadas de trabalho como crítico e historiador de arte. A ocasião serviu também para a inauguração de uma nova sala de exposições na cidade, a galeria NAC.2, situada no primeiro piso da Casa da Comissão de Iniciativa e Turismo, ao topo da Av. Cândido Madureira. Esta sala substitui a antiga Galeria dos Paços do Concelho para acolher as exposições temporárias do museu, abrindo precisamente com uma retrospectiva do pintor Fernando de Azevedo.
A importância nacional do NAC
Dez anos depois da sua abertura, o NAC tem um papel relevante na divulgação da arte portuguesa do século XX, em particular no interior do país, onde são escassos os espaços deste género. Como sublinhou a professora Raquel Henriques da Silva, na sua intervenção na sessão com que se assinalou o aniversário, o Núcleo funciona como um compêndio do que se fez no nosso país no século passado, ao integrar muitas das obras que são estudadas nas escolas de Arte.
Também o professor José-Augusto França sublinhou o facto de não haver em Portugal nenhum outro espaço que ao longo do século XXI (as exposições temporárias começaram ainda antes da abertura do núcleo museológico) tenha promovido tão grande número de exposições regulares, mesmo que essa regularidade tenha sido quebrada há cerca de dois anos atrás, para agora ser retomada com a nova galeria.
A cerimónia evocativa contou com uma visita aos três pisos do NAC, e com a entrega por parte do professor França de dois novos quadros que ficam a fazer parte do acervo do museu, duas obras de Costa Pinheiro, da série dedicada a Fernando Pessoa.
Relembrar Azevedo e Rui-Mário Gonçalves
A segunda parte desta cerimónia decorreu no novo espaço, com a apresentação pública da galeria NAC.2 e a abertura da exposição de Fernando de Azevedo, que integra pinturas, desenhos e colagens, e que ficará patente até 31 de Agosto. Antigo presidente da Sociedade Nacional de Belas Artes, o artista, que pertenceu ao movimento surrealista, acompanhou de perto, nos últimos anos da sua vida, o trabalho que foi feito no espaço museológico tomarense. Razões mais do que evidentes para ser o escolhido para esta exposição que marca uma década de NAC e o aparecimento da nova sala. Cristina Azevedo Tavares, filha do pintor, fez a apresentação da mostra, traçando em pinceladas largas o percurso artístico de Azevedo.
Uma tarefa que teria cabido a Rui-Mário Gonçalves, o principal responsável pela escolha das obras presentes, mas que viria a falecer uma semana antes. A sua memória foi especialmente sentida neste dia, uma vez que o crítico e professor, para além de amigo próximo de toda a equipa ligada ao NAC, era um dos seus elementos fundamentais, tendo também sido um dos principais responsáveis pelo livro que assinala o aniversário e que foi lançado neste dia, incluindo os catálogos de todas as exposições temporárias anteriormente realizadas, bem como da iniciativa especial dedicada aos 60 anos dos surrealistas.
A presidente da Câmara Municipal de Tomar, Anabela Freitas, sublinhou também esse traço de tristeza e nostalgia que marcou o dia, mas enfatizou a importância deste novo espaço, para mais situado num edifício onde se cruzam igualmente o turismo e o património, reforçando assim a ideia de que a cidade tem que apostar seriamente nas suas mais-valias para enfrentar o futuro. Sublinhou ainda a presença dos músicos da Canto Firme que acompanharam a cerimónia, como exemplo das parcerias que cada vez mais terão que ser feitas entre o Município e as diversas entidades locais e agradeceu ao professor José-Augusto França por todo o contributo que tem dado para o enriquecimento cultural e o desenvolvimento da cidade que o viu nascer.
Se precisa de Agência de design gráfico pode ver a Livetech