O Teatro das Fogaceiras regressa, 43 anos depois, à Casa do Povo de Santa Maria da Feira, onde, durante mais de meio século, animou a noite de 20 de janeiro, feriado municipal, com sátiras à sociedade feirense. Este ano, não será o tradicional teatro-revista a subir ao palco, mas sim uma comédia hilariante – “Os dois corcundas” – que promete fazer rir durante todo o espetáculo, nos dias 19 e 20 de janeiro, às 21h45.
Com as obras de requalificação do Cineteatro António Lamoso em curso, a Casa do Povo volta a acolher o teatro das Fogaceiras, mas a sala e o palco não permitem a realização da tradicional revista, que implicaria uma mudança constante de cenários e de personagens. Basta referir que os camarins são por baixo do palco e a passagem dos atores vai fazer-se através de um alçapão. «Mesmo assim, vai valer a pena. As pessoas vão divertir-se muito», garante Fernando Sousa (“Mocho”), de 70 anos, ator e um dos fundadores do grupo de teatro do Orfeão da Feira, que vai repor a comédia “Os dois corcundas”, apresentada pela primeira vez em 1983, no Cineteatro António Lamoso. No palco da Casa do Povo estará a maioria dos atores de então, entre os quais Ernesto Roberto (“Nestinho”), há vários anos afastado dos palcos, e Valdemar Campos, que voltam a vestir a pele de corcundas – Baltazar e o seu sósia e falsário Dominguinhos.
Fernando Sousa e Joaquim Teixeira (“La Fúria”), encenador do grupo de teatro do Orfeão da Feira desde 1985 (ambos na foto), conheceram a Casa do Povo noutros tempos – eram ainda crianças. Sentado no palco, o encenador olha para a sala – “bem diferente daquela altura” – e recorda os ambientes: “as pessoas viviam o teatro e aderiam de tal maneira que as laterais, junto às janelas, ficavam completamente lotadas. Mesmo assim, era impossível meter cá dentro todos os que queriam ver”, recorda Joaquim Teixeira, que na sua meninice acompanhava as irmãs Maria do Rosário e Dulce aos ensaios do então grupo de teatro amador de Vila da Feira.
«Depois da peça “O Zé do Telhado”, a comédia “Os dois corcundas” foi o espetáculo que as pessoas manifestaram mais vontade de voltar a ver”, refere o encenador, recordando outras peças de grande sucesso protagonizadas pelo grupo de teatro do Orfeão: “O Processo de Jesus”, “O Nazareno” e “O Pátio das Cantigas”.
Fernando Sousa, que há 60 anos já vinha ao cinema à Casa do Povo «e muitas vezes era posto na rua porque não tinha idade», considera que os novos tempos requerem mudanças, também ao nível do teatro-revista – «ajustado ao público que hoje vai ao teatro, com mensagens menos focadas nas vivências locais, para que todos possam acompanhar». «Hoje, muita gente dos municípios vizinhos vem ao teatro-revista, por isso temos de nos adaptar», reforça o ator, que espera poder apresentar novamente o tradicional teatro-revista no Cineteatro António Lamoso nas Fogaceiras de 2015.
A Casa do Povo tem uma lotação limitada a 200 pessoas. Os bilhetes para “Os dois corcundas”, espetáculo integrado no programa de animação da Festa das Fogaceiras – 400 no total – estão à venda na secretaria do Orfeão da Feira. Para mais informações, os interessados devem contactar através do telefone 256 363 430 ou e-mail orfeaodafeira@gmail.com.
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