Diogo Albuquerque, Secretário de Estado da Agricultura, referiu no passado sábado, em Aguçadoura, no âmbito das 6as Jornadas Técnicas da Horpozim, que a Associação de Horticultores da Póvoa de Varzim tem uma importância estratégica no futuro da nossa agricultura e do nosso país, contribuindo para “a nossa balança comercial”.
O Secretário de Estado enumerou os objetivos do Governo para a nossa agricultura: “conseguir, em 2020, uma balança comercial mais positiva”; “termos os agricultores a trabalhar mais em conjunto e irem em conjunto para o Mercado” e “termos uma cadeia alimentar entre os produtores, transformadores e distribuição mais transparente e mais equilibrada”. Para o efeito, considera que é necessário “melhorar e regularizar os nossos apoios, melhorar candidaturas, aprovações e pagamentos no âmbito do Programa de Desenvolvimento Rural e melhorar o futuro”.
Neste sentido, Diogo Albuquerque apresentou algumas medidas que entrarão em vigor no próximo Programa de Desenvolvimento Rural (2014-2020) que incidirá numa discriminação positiva nos apoios e num sistema mais universal.
Aires Pereira, Presidente da Câmara Municipal da Póvoa de Varzim, realçou a importância do setor hortícola no concelho revelando que a Horpozim, que conta com mais de 700 associados, tem uma abrangência a mais de 2000 famílias, vendeu e produziu, o ano passado, 120 mil toneladas de hortícolas, com uma faturação que rondou os 50 milhões de euros e emprega, no nosso concelho, 8000 pessoas. É, sem sombra de dúvida, a atividade que mais gente emprega no concelho da Póvoa de Varzim.
O autarca aproveitou a ocasião para transmitir que faz questão de cumprir os seus compromissos eleitorais sendo que, para o efeito, já foi aprovada a política fiscal para o próximo ano, dando continuidade à política de amenização fiscal e mantendo os impostos no mais baixo que a lei permite.
Referindo-se aos danos causados pelos altos níveis de pluviosidade na vila de Aguçadoura, Aires Pereira contou que toda a zona foi inundada e grande parte das proteções às linhas de água foram destruídas por força da própria intempérie e do volume do caudal das águas.
Perante esta situação, “foi preciso intervir e desde esse dia estamos no terreno e o Município já gastou mais de 50 mil euros a repôs todas as situações que foram afetadas”, revelou o edil.
O Presidente da autarquia poveira constatou e afirmou que “grande parte do que aconteceu também se deve, e muito, à falta de manutenção e conservação da rede primária de escoamento das nossas águas”. Neste sentido, esclareceu que já havia contactado a Agência Portuguesa do Ambiente, no sentido de virem fiscais para o terreno e sensibilizarem as pessoas para a limpeza das linhas de água e consequente reposição dos leitos. Esta é uma obrigação dos confrontantes que não têm cumprido com essa responsabilidade e mesmo com a intervenção do Serviço de Proteção Civil da Câmara Municipal não tem sido possível repor os limites às linhas de água, nem mantê-las limpas. “É preciso que cada um assuma as suas responsabilidades e colabore com aquilo que tem a ver com todos”, advertiu, acrescentando que “ninguém tem o direito de prejudicar o seu vizinho”. Por isso, “vamos, de uma vez por todas, retomar e criar as condições de segurança que sempre existiram nesta zona no que diz respeito ao escoamento das águas e à proteção dos vossos bens. O melhor seguro é a prevenção”, concluiu.
Aires Pereira falou ainda sobre a existência de uma “linha verde” no Município para as questões da agricultura, criando-se para o efeito uma secção na Junta de Freguesia para que os aguçadourenses não tenham que se deslocar até à cidade para tratar dos seus assuntos.
Em relação ao futuro, o edil chamou a atenção dos horticultores para a relação com o mercado, realçando a necessidade de se organizarem e apoiarem na Associação que representa uma das mais emblemáticas marcas da Póvoa de Varzim, reunindo estratégia comercial, esforço e trabalho. Terminou, reiterando: “Criemos as condições de segurança necessárias para que as vossas culturas não sejam desfeitas”.
Lucinda Delgado, Vereadora do Desenvolvimento Local da Câmara Municipal, constatou que, “num tempo em que tudo é incerto e volátil, é cada vez maior o número daqueles, sobretudo jovens, que veem na terra um recurso firme, um recurso de futuro. O regresso à terra, de que muito se fala sobretudo como alternativa à atual escassez de emprego no reino da nova economia, tem sido obra de jovens, muitos deles saídos dos bancos das universidades, que contribuem para a revitalização do mundo rural, para o aproveitamento de terras abandonadas, para a recuperação de saberes tradicionais e sua conversão em novos produtos gastronómicos – enfim, para a criação de uma nova imagem social da atividade agrícola. Hoje, trabalhar a terra é sinal de modernidade”.
Carlos Alberto Lino, presidente da Horpozim, enalteceu o trabalho “produtivo” da entidade que lidera junto da Câmara da Póvoa e do Governo e destacou a importância de todos os horticultores estarem juntos para “melhorarem a comercialização”. Sobre estas 6as Jornadas, considera que foram relevantes nomeadamente para ajudar os associados a encontrarem nos parceiros dos Seguros e da Banca, entidades que podem auxiliar ao desenvolvimento da horticultura da região.
O encontro de horticultores serviu ainda para a assinatura do protocolo da Horpozim com o BPI, além de no Multiusos da freguesia de Aguçadoura estarem presentes entidades comercias que apoiam a agricultura.