Cultura, Estarreja

45º Aniversário da Inauguração da Casa Museu Egas Moniz em Estarreja

SeraoMarinheiro2013_conviteTransformada em Casa-Museu Egas Moniz no dia 14 de Julho de 1968, a Casa do Marinheiro recebeu duas intervenções profundas nos últimos 5 anos, combatendo-se a forte degradação, tendo a sua reabertura em janeiro deste ano representado uma nova etapa na vida de tão histórico edifício. A Câmara Municipal de Estarreja assinala a comemoração do 45º Aniversário da Abertura da Casa Museu Egas Moniz, no próximo sábado, dia 13 de julho, às 21h30, com o Serão no Marinheiro.

O espetáculo de sábado contará com a atuação do grupo “A Par D’ilhós Ensemble” e com a teatralização de descante pelo Grupo de Teatro Amador de Avanca, num desafio que recorda os cantadores populares Maria Barbuda e Marques Sardinha.

O Serão vai decorrer na Sala dos Vidros, no primeiro andar do histórico edifício, num cenário cercado de obras de pintura de Silva Porto, Henrique Medina, José Malhôa, Abel Salazar, Carlos Reis D. Carlos e de peças raras de cristal de Karlsbad e vidro e cristais portugueses da fábrica da Vista Alegre.

285 Visitas por mês

Após muitos anos de abandono e degradação, a Câmara Municipal de Estarreja tem vindo a concretizar a sucessiva reabilitação deste espaço único no Município e no País, do vencedor do Prémio Nobel da Medicina de 1949, intervindo na Casa-Museu e na Quinta do Marinheiro, agora enriquecida com o Percurso BioRia do Rio Gonde, pedonal e ciclável, e com os recuperados e agora visitáveis Moinhos de Meias.

A Casa-Museu abriu renovada em janeiro deste ano, após um grave problema de fungos no piso de madeira, que obrigou a obras urgentes de recuperação, orçadas em 155 mil euros, para evitar que se propagasse ao resto da casa e ao recheio.

Após a reabertura, em seis meses de atividade, a Casa-Museu recebeu 1712 visitantes, dos quais 743 se inserem no público escolar. Entre janeiro e junho, o espaço de eleição do Prémio Nobel da Medicina, único em Portugal, recebeu uma média de 285 visitantes por mês.

Para combater a forte degradação, a Câmara Municipal avançou pela primeira vez com obras de conservação em 2008, num investimento de 200 mil euros. A Casa Museu reabria em 2009, no 41º aniversário da sua inauguração.

As medidas da autarquia integram-se numa estratégia de intervenção para toda a Quinta do Marinheiro, onde a Casa Museu se insere, criando novos usos e dinamizando os espaços. Para além da reabilitação da Casa Museu, o projeto global incluiu também a limpeza do Lago, a melhoria de acessibilidades (Rua Padre Solha beneficiada), a criação do Centro de Documentação/Polo da Biblioteca em Avanca ou a requalificação paisagística da Quinta do Marinheiro.

Atualmente está em estudo a recuperação da antiga Vacaria e, com sentido de inovação, a autarquia apresentou em janeiro o Estudo Prévio de Reabilitação da Casa-Museu, da autoria dos arquitetos Ricardo e Nuno Matos combinando o passado com a contemporaneidade. Esse projeto global prevê a criação de um novo corpo paralelo à Casa Museu, substituindo a parte nova do edifício construído nos anos 60, de forma a valorizar a estética do projeto arquitetónico de Ernesto Korrodi, de 1915.

“O seu adorável refúgio”

No sábado será evocado um passado revivido ao gosto do génio. Gostos e predileções contados, de forma a que possamos ser levados à época em que Egas Moniz procurava o seu refúgio do Marinheiro para o seu reconforto espiritual.

Na obra “Egas Moniz em Livre Exame”, organizada por Ana Leonor Pereira e João Rui Pita, o sobrinho-neto do professor, António Macieira Coelho, escreve sobre as “Vivências na Intimidade de Egas Moniz”, recordando que na “Casa do Marinheiro em Avanca, construída em 1915 sobre os alicerces da modesta casa rural de família, com arquitetura de Korrodi, hoje a Casa-Museu Egas Moniz, o seu adorável refúgio, passávamos as férias todo o mês de Setembro”.

“Avanca era porém donde tudo irradiava e dela fazia o centro sentimental de eleição”, afiançou também na Revista Terras de Antuã – Histórias e Memórias do Concelho de Estarreja nº 4. Na sua casa do Marinheiro, “juntava a família reconstituída depois do casamento, os conterrâneos, parentes e amigos, e os que de outras paragens acorriam num convívio incessante que era um dos seus encantamentos”, revive António Macieira Coelho. Ficou célebre a opereta apresentada em 1920 intitulada “A Nossa Aldeia”, escrita por Egas Moniz.

Única em Portugal

Única Casa-Museu de um Prémio Nobel em Portugal, intimamente relacionada com Egas Moniz que, em 1949, recebeu aquele galardão na área da Medicina, este espaço cultural podem ver-se obras de D. Carlos de Bragança, Silva Porto, Malhoa, Carlos Reis, Henrique Medina, Falcão Trigoso, Júlio Pomar, Abel Salazar, bem como coleções de mobiliário, cerâmica, ourivesaria, vidro, têxteis, gravura, escultura e a sua notável biblioteca pessoal. Está classificada pelo Ministério da Cultura como um Imóvel de Interesse Público.

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