Milhares de pessoas participaram nos festejos que assinalaram a abertura da época balnear, decorridos nos dias 29 e 30 de junho, no Largo dos Pescadores, na Praia da Vieira, freguesia de Vieira de Leiria.
O programa foi organizado pela Câmara Municipal da Marinha Grande, Junta de freguesia local e as seguintes associações: Agrupamento 1076 do Corpo Nacional de Escutas, Biblioteca de Instrução Popular, Bombeiros Voluntários de Vieira de Leiria, Centro Recreativo Cultural Juventude Casal d`Anja, Centro Paroquial de Vieira de Leiria, Industrial Desportivo Vieirense e Jardim dos Pequeninos.
Unidos pela cultura dos pescadores
Um dos pontos mais marcantes do programa de sábado, 29 de junho, consistiu na comemoração do 14º aniversário da geminação entre Marinha Grande e Salvaterra de Magos, realizada ao início da tarde, que englobou ainda uma homenagem a avieiros que migraram para aquele município ribatejano, no início do século XX.
O Presidente da Câmara da Marinha Grande, Álvaro Pereira, os vereadores daquele município, Paulo Vicente e Cidália Ferreira, e o presidente da Junta de Freguesia de Vieira de Leiria, Joaquim Vidal, receberam a comitiva de Salvaterra de Magos, liderada pela presidente da Câmara, Ana Cristina Ribeiro.
Numa sessão sem formalismos, como o local o exigia, mas com elevada dignidade e deveras emotiva, o presidente Álvaro Pereira, deu as boas-vindas a todos os presentes, em especial à comitiva e comunidade de avieiros oriundos da cidade geminada.
Citou uma passagem de Humberto Vasconcelos, do seu livro “Avieiros – Os últimos pescadores do Tejo”, lembrando que “a fome empurrou os pais e avós da Vieira de Leiria para as bandas do Tejo, que no começo do século era um jardim de peixe. Vinham em busca de modo de vida, com as artes que sempre tinham sido as suas – as da pesca. Assim nasceram os Avieiros do Tejo”.
“Em homenagem a esses tantos homens e mulheres, foi firmada a presente geminação”, continuou.
Em Vieira de Leiria, “orgulhamo-nos de assistir ao respeito pelo cumprimento das tradições etnográficas, culturais e sociais de um povo, que continua a revitalizar a arte xávega, durante os meses de Verão. Deste modo, transporta-se para o presente o passado responsável pela identidade da população”.
Por fim, Álvaro Pereira, desejou “que todos nos empenhemos para que esta época balnear decorra bem, para que quem nos visita leve do concelho a melhor imagem e pretenda voltar”.
Palavras de Salvaterra
Ana Cristina Ribeiro, presidente da Câmara de Salvaterra de Magos, confessou ser “com grande emoção e com um sentido muito forte de pertença a esta terra e a esta praia, que visitamos a Praia da Vieira e o concelho da Marinha Grande”. “Uma terra e umas gentes que sentimos como nossas, pelo carinho, pela amizade, pela proximidade e por toda a dedicação que nos tem sido dada ao longo de todos estes anos”.
A autarca lembrou “a cada novo encontro entre as nossas gentes, verificamos que de ambos os lados existem os Moreira, os Petinga, os Botas, os Rabita, os Xarana, os Letra, entre muitos outros apelidos que estão tanto cá na Praia da Vieira, quanto lá no Escaroupim”.
“Apesar de terem sido os pescadores avieiros e os pescadores da Praia da Vieira os nossos principais grupos de trabalho nesta geminação, a verdade é que abrimos esta cultura ao conhecimento da população global de cada um dos municípios, realizando e promovendo iniciativas com as crianças das nossas escolas, os nossos jovens, os nossos seniores, que vieram até ao concelho da Marinha Grande à descoberta desta Praia e deste ponto de origem da cultura avieira, mas que ao mesmo tempo vieram conhecer outras vertentes e valências do concelho da Marinha Grande, como por exemplo as fábricas de vidro, museus, floresta, praias ou a gastronomia local”, admitiu.
Homenagem a avieiros
Após os discursos evocativos da geminação, atuou o Rancho Folclórico “Peixeiras da Vieira”, seguindo-se a cerimónia de homenagem a seis avieiros atualmente residentes na Praia da Vieira: Primavera Lourenço Mira, Maria Secundina Botas Rego Farto, Adriano Tomé Pereira, Augusto Penela Tomé, Augusto Penela e Idalina Tomé Pedrosa.
A ideia de homenagear avieiros transmissores de saberes e fazeres decorre deste ser um dos meios mais eficazes para levar a cabo a salvaguarda do património cultural avieiro, garantindo, desde modo, que prossigam com o desenvolvimento dos seus conhecimentos e técnicas e que as transmitam às gerações mais jovens.
Seguiu-se a realização de uma procissão em honra de Nossa Senhora dos Avieiros e do Tejo e de São Pedro, padroeiros da aldeia avieira do Escaroupim e da Praia da Vieira, respetivamente. O cortejo religioso saiu do Largo dos Pescadores, passou pela avenida marginal com paragem das imagens frente ao mar e terminou na capela, onde foi celebrada a eucaristia, presidida pelos párocos Sérgio Henriques, de Vieira de Leiria, e António Vicente, filho de avieiros e a exercer funções na paróquia ribatejana de Vale de Figueira.
A animação trazida pela Banda Ritmos e pelas marchas populares dos lugares de Comeira, Figueiras e Amieira, lotaram o Largo dos Pescadores, desde o cair da noite.
No dia 30 de junho, domingo, atuaram o Rancho de Picassinos, a banda “Serviço Ocasional”, as alunas da Escola de Dança Diogo de Carvalho e o grupo “DualBand”.
Durante todo o fim-de-semana, estiveram instaladas tasquinhas para servir petiscos da região.