Mara Andrade, 25 anos, criadora e intérprete, e Marco Ferreira, 26 anos, bailarino e coreógrafo, são dois jovens criadores feirenses que, até ao final de maio, “ocupam” a sala multiusos do antigo Matadouro Municipal de Santa Maria da Feira – espaço onde preparam os projetos que vão apresentar no âmbito do Mais Imaginarius. “Disponibilizarem-nos este espaço de forma tão natural foi incrível e tem sido muito útil para nós”, refere Mara, a jovem médica, apaixonada pela dança contemporânea, que vai participar no Festival Imaginarius pelo quarto ano consecutivo.
O plano de requalificação, material e imaterial, do Matadouro está em marcha e o objetivo central do projeto passa por converter este espaço num polo de criação artística e palco de apresentação de espetáculos, como, de resto, já aconteceu em edições anteriores do Imaginarius, com a utilização do pátio exterior, e como irá acontecer este ano no âmbito do Mais Imaginarius. Pela primeira vez, a nave central do edifício será palco de apresentação de cinco espetáculos de cariz mais alternativo, nas vertentes de dança, artes digitais e body art.
A ideia de disponibilizar este espaço aos jovens criadores não é nova, mas ressurgiu com novo fôlego no âmbito das Conversas Imaginarius deste ano. Os jovens criadores manifestaram a necessidade de espaços para criar e ensaiar, e o Matadouro foi imediatamente colocado à disposição pelo diretor artístico do Festival, Hugo Cruz. “Adaptámo-nos às condições oferecidas, pois foram super abertos connosco e fizeram o melhor que podiam para começarmos esta nova fase”, conta Marco Ferreira, que já ensaiou na sala multiusos em março e regressa àquele espaço no início de maio, para preparar o projeto que a companhia LABU vai apresentar no Mais Imaginarius.”Seria muito interessante recuperar todo este edifício para criação artística e apresentação”, considera o bailarino e coreógrafo, que participa pelo terceiro ano no Festival, o segundo no Mais Imaginarius – vertente que destaca pela especificidade e arrojo dos projetos apresentados. “Há um público específico do Festival que procura os espetáculos do Mais”, acrescenta Mara.
Para além de palco de cinco espetáculos do Mais Imaginarius, o antigo Matadouro Municipal é também fonte inspiradora da instalação “A Vaquinha no Vouguinha, da montanha à planície”, que a companhia Binaural Nodar vai estrear no Imaginarius, cuja narrativa é baseada no facto histórico de o gado bovino de raça Arouquesa, oriundo dos maciços da Gralheira, Arada e Freita, ser, por vezes, transportado por vagões do Vale do Vouga para os matadouros do litoral, entre eles o de Santa Maria da Feira.
Intervenção e criação
O Matadouro Municipal, construção datada de 1931, reúne características que espelham o princípio do Modernismo na arquitetura portuguesa. A investigação deste espaço é uma porta de entrada para uma ideia de obra aberta, em constante construção e evolução. É esta a ideia que se pretende para o Matadouro: que seja, simultaneamente, objeto de intervenção e plataforma de criação.
O primeiro passo deste projeto foi convidar artistas locais, nacionais e internacionais a intervirem conjuntamente neste espaço em abandono. Terminada a fase de planeamento e reconstrução (nave central, pátio e sala multiusos), o Projeto Matadouro pretende criar condições para implementar projetos que promovam o desenvolvimento cultural, social e ambiental de uma forma integrada. Assim, prevê a configuração de espaços residenciais de curta duração para artistas de diferentes áreas, que desenvolvam projetos de criação local, espaços de trabalho para companhias artísticas, uma sala que convide à discussão, à criação coletiva e a conversas informais participadas, e uma oficina que pretende alojar projetos empreendedores.
O Imaginarius – Festival Internacional de Teatro de Rua de Santa Maria da Feira realiza-se de 24 a 26 de maio, no centro histórico da cidade, numa organização conjunta da Câmara Municipal e empresa municipal Feira Viva.
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