Cultura, Póvoa de Lanhoso, Sociedade

Castelo de Lanhoso conjuga passado e futuro na Póvoa de Lanhoso

Debaixo de muito calor, o Castelo de Lanhoso, assente num ímpar monólito granítico, acolheu diversas iniciativas com as quais a Câmara Municipal da Póvoa de Lanhoso pretendeu assinalar a conclusão de um projeto que permitiu a sua conservação, valorização e animação.

A abertura de uma exposição de pintura retrospetiva sobre o Castelo de Lanhoso, um momento acompanhado por músicas ao vivo (que integraram os espetáculos “Teresa – Rainha de Portugal” e “Música no Castelo”); as apresentações de um novo vídeo assim como da programação de verão no Castelo e ainda de um pequeno excerto da divertida produção “O Desejado – El Rei D. Sebastião”, foram os eventos realizados ao fim da tarde de sábado, dia 21 de julho, que surpreenderam turistas em visita àquele local. Artistas plásticos e escritores locais, pessoas ligadas à história, à cultura e ao turismo estiveram presentes assim como diversos atores.

A oportunidade ainda permitiu realizar o balanço da execução do projeto de Conservação, Valorização e Animação do Castelo de Lanhoso (promovido pela Câmara Municipal e co – financiado pelo ON.2 – O Novo Norte e QREN através do Fundo Europeu do Desenvolvimento Regional). De entre outros aspetos, a Vereadora da Cultura edilidade povoense, Fátima Moreira, salientou as várias ações e intervenções realizadas ou a realizar (como a produção de um livro), em cada um dos eixos, importantes não só para a salvaguarda do nosso património como para a criação e manutenção de dinâmicas económicas locais.

Âncora da estratégia turística

“O Castelo de Lanhoso foi, é e vai continuar a ser a porta de entrada dos turistas no concelho. O Castelo será sempre a âncora da estratégia turística da Póvoa de Lanhoso. E, a partir deste Castelo, da sua história e da história das nossas terras, “vender” todo o outro manancial que temos no território, desde a nossa paisagem à nossa gastronomia, à nossa etnografia, aos nossos artistas. É esse também o propósito do Município”, salientou, em termos gerais, Fátima Moreira. De acordo com a edil, que falava na Torre de Menagem antes da visualização, em primeira mão, de um novo vídeo sobre o Castelo para informação ao turista, “o projeto terminou, mas o nosso objetivo de trabalho e de continuidade com esta dinâmica não termina aqui. A região do Ave pode aproveitar todo este manancial. Mais do que nunca, em termos de promoção territorial, nós temos que ter dimensão e temos de trabalhar de forma conjunta, em cooperação porque só assim conseguimos fazer coisas diferentes e que tenham algum impacto”, defendeu. “Acredito que, neste momento, as comunidades intermunicipais (CIM) e, em concreto, a CIM do Ave, tem certamente mais potencial para desenvolver uma estratégia de promoção territorial do que a Póvoa de Lanhoso sozinha terá. Por isso, o nosso grande desafio à CIM do Ave é que veja neste projeto, que foi dinamizado através da ON2 e a partir deste Castelo, apenas um bom exemplo do que se pode fazer com o imenso património que o Ave tem e que está agora a ter a oportunidade de se afirmar como uma terra de cultura”, salientou.

Importância do trabalho em rede

O secretário executivo da CIM do Ave, Manuel Sousa, referiu, de entre outras considerações, a importância do trabalho em rede e de estratégias comuns. “A CIM do Ave é uma associação de municípios de fins múltiplos e também a cultura faz parte das suas áreas de intervenção. Recentemente foram criados vários conselhos intermunicipais um dos quais de cultura e turismo no sentido de implementar políticas concertadas também na área da cultura”, salientou, considerando que o futuro também passa por conexões culturais, por redes “que suportam estratégias, permitem dinâmicas e custos muito inferiores e permitem juntar capacidades e articulá-las entre si. Referiu que a expansão do conceito do Centro de Criatividade da Póvoa de Lanhoso tem elevado potencial, podendo-se mesmo avançar para um Centro de outra dimensão, para um Centro de Criatividade do Ave. “É uma possibilidade que é vista e que tem vindo a ser discutida”.

Espetáculo em coprodução

No que se refere à programação de verão para o Castelo, coube ao diretor artístico do Centro de Criatividade da Câmara Municipal da Póvoa de Lanhoso, Moncho Rodriguez, desvendar um pouco mais sobre o espetáculo “O Desejado – El Rei D. Sebastião”, que tem antestreia na próxima quinta feira e que é reposto todas as sextas e sábados até ao fim do mês de agosto, pelas 21h30. Prometendo um espetáculo “muito louco e divertido”, salientou que “o grande desafio foi olhar para o momento atual e olhar para a história e chegar à terrível conclusão de que, em 1553, estávamos igual a hoje. Não, hoje, estamos igual que 1553”. Este trabalho resulta de uma coprodução entre Portugal e o Brasil, estando também envolvido o Município de Fafe. “Um dos objetivos do Centro de Criatividade é de alguma forma contribuir para que a Póvoa de Lanhoso ultrapasse as suas fronteiras e esteja na vanguarda de muitos projetos. E que seja conhecida pela qualidade dos seus produtos, pela qualidade da sua gente, pela qualidade da sua memória, das suas histórias, da sua gastronomia, da sua cultura. Então, avançámos com uma proposta de coprodução com o Brasil e com a Associação dos Produtores de Artes Cénicas de Pernambuco, nossa parceira no Brasil”, revelou, justificando ainda esta opção: “Uma coprodução com o Brasil com ‘O Desejado’ porquê? Porque o Sebastianismo, embora sendo português de raiz, passou a ser um sonho também em outros lugares e nesses outros lugares ganhou outras dimensões e outras lendas e outros imaginários”. Esta parceria permite que cinco atores brasileiros integrem a produção, trabalhando na Póvoa de Lanhoso, juntamente com cinco atores portugueses. Em janeiro de 2013, esta mistura de linguagens e de sonoridades, abre um dos maiores festivais de teatro do Brasil, o “Janeiro de Grandes Espetáculos” no Recife.

As pessoas presentes nas iniciativas da tarde de 21 de julho foram ainda presenteadas com um breve excerto de “O Desejado – El Rei D. Sebastião”, com Marta Carvalho e Mário Miranda. Este espetáculo tem estreia neste dia 27 de julho, seguindo-se apresentações nos dias 28 de julho e 2,4, 10, 11, 17 e 18 de agosto.

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