Arouca entrou em definitivo na rota dos turistas oriundos do Brasil. Prova disso foi a visita da delegação luso-brasileira, nos últimos dias 20 e 21 de junho, constituída por poetas, escritores e jornalistas, que esteve em contacto com a etnografia, a Natureza e alguns símbolos da cultura da terra e das gentes de Arouca E ficaram deslumbrados com a riqueza do Arouca Geopark.
A receção ao grupo de turistas foi abrilhantada pela atuação do Rancho da Casa do Povo de Arouca, numa unidade hoteleira da vila. As danças típicas portuguesas e a amabilidade genuína dos arouquenses (especialmente delas!) conseguiram levar os “nossos irmãos e irmãs” a lançarem-se na aventura de rodopiar e dar os passos certos, acompanhando concertinas, violas, bombo e vozes graciosas.
No dia seguinte, o dia nasceu azul, acolhedor, mesmo convidativo para o passeio a algumas fontes do turismo de Arouca. O itinerário começou com a visita ao Calvário. Neste lugar com forte simbologia cristã, houve até um momento digno de registo maior: o poeta S.V. Andersen subiu ao cume da “colina” de pedra e, do alto dos seus 1,90, declamou o seu poema “Teus Olhos” a Cinira, sua esposa.
O percurso pedestre seguiu depois no sentido do centro histórico da vila. A comitiva parou, então, em frente da “Casa Grande” ou Casa dos Malafaias, agora em processo de classificação como imóvel de interesse municipal. Os cliques fotográficos sucediam-se, registando para a posteridade a imponência desta casa brasonada. Mais abaixo, à frente da rua do Agualva, observaram-se numa parede rosa as marcas das últimas grandes cheias. Em passo apressado, deram uma olhadela no edifício onde hoje está instalado o Posto de Turismo e a sede da AGA – Associação Geoparque de Arouca.
O encantamento histórico e científico do Arouca Geopark
Uns metros à frente, a comitiva entrou na praça nova, em fase final de construção e de seu nome Brandão de Vasconcelos. Havia azáfama nos calceteiros que, curvados e debaixo da inclemência do sol, iam completando o ziguezague da calçada à portuguesa na circunferência projetada para o meio da praça, tendo imagem de anfiteatro ao ar livre.
A comitiva entrou depois na capela da Misericórdia. O teto apainelado com passagens bíblicas da Paixão de Cristo e a história da sua época setecentista, contada pelo mestre José Veiga, constituíram momentos para mais tarde recordar.
A próxima paragem foi o Mosteiro de Arouca. O encantamento da sua monumentalidade e a sua influência no desenvolvimento da região foram revisitados com incursões à cozinha – onde estavam algumas figurantes vestidas de monjas confecionando castanhas doces – à Sala do Capítulo e ao Cadeiral.
De seguida, o grupo viajou até à Serra da Freita, pulmão do Arouca Geopark. Já no topo da serra, fez-se uma breve paragem debaixo da sombra de pinheiros bravos, para se afagar a sede. O percurso continuou pela serra adentro, parando-se, no geossítio com melhor avistamento da imensidão da Freita: miradouro da Frecha da Mizarela. A beleza da queda de água do rio Caima, “filho” natural da serra, foi grande de mais para o vislumbre esperado pelos turistas.
A visita ao Arouca Geopark terminou nas Pedras Parideiras. Aqui o deslumbramento foi geral. À graciosidade do lugar, agora complementada com a construção do Centro de Interpretação Geológica, em fase final de obras, na qual se junta o passadiço em madeira percorrendo o circuito de avistamento deste geossítio, os turistas foram absorvidos pela sucinta explicação deste fenómeno geológico natural, quase único no mundo e alvo de inúmeros estudos científicos.
Graças a este fenómeno geológico, bem como a outros geossítios de inegável importância para o conhecimento da evolução do planeta Terra – sendo disso exemplo, também, as Trilobites, expostas no Centro de Interpretação Geológica de Canelas – o concelho de Arouca é hoje o coração do território reconhecido pela UNESCO como Arouca Geopark.