A interrogação («Nada nos inquietará?») é lançada pelas fotografias de Rui Apolinário, numa exposição promovida pelo Agrupamento de Escolas de Escariz. De 27 de janeiro a 10 de fevereiro, na galeria da Biblioteca Escolar de Escariz, o discurso das imagens interroga-nos sobre que valores defendemos e sobre os ciclos de vida que sobrevivem à destruição pelo fogo, por exemplo. Interrogações a que vale a pena tentar responder.
«Nada nos inquietará?»
George Steiner, na sua obra intitulada «Gramáticas da Criação» refere o seguinte: «A esperança e o medo (…). A esperança contém um medo de não consumação. O medo tem em si um grão de esperança, o pressentimento de poder ser superado. É o estatuto da esperança que é hoje problemático.»
Desta constatação advém o título do presente registo fotográfico: Nada nos inquietará? O referente do dito registo é óbvio: a destruição da floresta pelo fogo. E o que representa tal destruição? Tentei, através de um discurso imagético, traduzir, sem nunca perder de vista a metáfora, o espectro «niilista» que teima em pairar sobre o sistema de valores vigente. Porém, apesar de todas as imagens exibirem uma sequência que se revela tão desoladora quanto decadente, coexiste nelas uma visão cíclica, qual eterno retorno, que deixa pressentir o poder de uma inevitável recriação…
Rui Apolinário