Memórias! Muitas memórias! É de peças com memórias que é feita a exposição “Ser Mação – Risco e Movimento”, que inaugurou na semana passada no Instituto Terra e Memória (ITM), em Mação.
Uma exposição recheada de sentimento que traça muito daquilo que é a história das gentes de Mação. A história de um passado, para alguns tão recente, para outros tão longínquo. “São peças com memória, preservadas no espaço e no tempo, que contam histórias. Utensílios de trabalho (muitos deles gastos pelas mãos suadas e calejadas de gente trabalhadora), objectos do dia-a-dia, material de aprendizagem, imagens e representações de culto sagrado, documentos e registos de um passado que nos pertence. A nós, Maçaenses, e que queremos partilhar!”, explicou Saldanha Rocha, Presidente da Câmara Municipal de Mação (CMM), na inauguração, agradecendo a todos aqueles que contribuíram para a sua realização, especialmente “a todos os Maçaenses que disponibilizaram inúmeros objectos que fazem parte da sua história de vida, do seu espólio e legado particular, para que aqui os pudéssemos mostrar ao público”.
São 86 peças escolhidas por habitantes das oito Freguesias. “Cinco a 10 peças por Freguesia”, conforme explicou Luiz Oosterbeek, Director Científico do Museu. Algumas delas provenientes dos Espaços de Memória das Freguesias, outras disponibilizadas a título individual, “estas são peças com memória daquilo que tem a ver com Ser Mação e aqui podemos ver o que é que era importante para as pessoas de Mação. São as vossas peças e dos vossos mortos”. Por isso, “esta é uma exposição de homenagem aos vivos, mas também aos mortos”, dirigindo-se aos presentes na inauguração.
Esta mostra fala de vidas humanas, de amores e temores, de aventuras e tristezas, de conquistas e dificuldades, de esperanças e de angústias. “Portugal está num momento muito difícil e Mação tem mostrado, ao longo da História, uma capacidade enorme de resistência que abriu caminhos de futuro. Às vezes de formas inimagináveis. O que se pretendeu fazer aqui hoje foi homenagear outros que viveram outras desgraças, mas que tiveram sempre uma enorme capacidade de dar a volta por cima. E também homenagear aqueles que cá têm raízes, aos migrantes que vêm em Agosto” e que a podem visitar, explicou o Director Científico do Museu.
Daí o nome da exposição: Ser Mação – Risco e Movimento. Risco, porque “há mais de 7 mil anos as pessoas chegaram aqui e rasgaram a terra, floresta, agricultura e começaram a moldar o que hoje é Mação”, afirmou Oosterbeek. E movimento porque” todos nós somos migrantes” e “riscamos a paisagem enquanto nos movemos por ela”.
Para Saldanha Rocha, “esta é a pureza da ruralidade, da nossa ruralidade! Elementos do antigamente que traçaram um longo caminho, atravessaram o longo que é o tempo e nos transformaram naquilo que temos e que somos hoje. E nesta Exposição vamos descobrir também a criatividade que sempre defendo como característica das nossas Gentes e que sempre surge aliada à nossa ruralidade. Visitar uma Exposição desta natureza é viver um momento único de encontro com o nosso Ser mais profundo. É uma viagem que, por percorrer tão longe o Tempo e a História, nos faz chegar até um ponto de encontro de vidas e emoções que ajudaram a construir a nossa História, a nossa Comunidade, a nossa Cultura, a nossa Identidade. De como o Ser e o Saber-Fazer dos nossos Homens e das nossas Mulheres sempre abraçaram o Futuro que nunca tardou em chegar”.
Nesta exposição há três caminhos a percorrer: uma viagem pela memória dos gestos e dos saberes (a ordem dos objectos expostos), uma visita às Freguesias (com painéis que mostram quais os objectos de cada uma) e uma colecção de histórias e memórias de objectos individuais.
Refira-se que na inauguração da exposição estiveram presentes, para além do Presidente da Câmara Municipal de Mação, os Vereadores da Autarquia Vasco Estrela e António Louro, assim como vários elementos da mesma que contribuíram para a composição da exposição. Sem esquecer naturalmente toda a equipa do Museu, Presidentes de Junta de Freguesia, Maçaenses que disponibilizaram os objectos, o Grupo de Cantares da Serra (que animou a tarde), alunos do Mestrado e Doutoramento, representantes de várias entidades da região, como a Comunidade Urbana do Médio Tejo e o Instituto Politécnico de Tomar (IPT), este representado por Pierluigi Rosina, que trouxe uma mensagem de Eugénio Almeida, Presidente da instituição, que realça “esta ligação entre o IPT e a Câmara Municipal, com quem temos muita ligação e amizade, nos projectos e acções que desenvolvemos em conjunto e que envolvem diferentes níveis de pessoal, empenho científico e territórios. O IPT está sempre ao lado de iniciativas que a CMM empreende”.
Se ainda não visitou esta exposição ainda está a tempo de o fazer. “Ser Mação – Risco e Movimento” é para Saldanha Rocha, “ um projecto cultural que a Câmara Municipal de Mação abraçou e acarinhou desde o início” e que está patente no Instituto Terra e Memória, em Mação. “Um espaço que vos disponibilizamos até dia 6 de Outubro, numa clara Homenagem às nossas Gentes!”.
Instituto Terra e Memória
(antiga Escola Primária de Mação)
Horário de Funcionamento: 09h-12.30h e 14h-17.30h
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