Cultura, Sociedade, Viseu

Caminho Português Interior de Santiago – Viseu

Desde o século IX, com a descoberta do túmulo do Apóstolo Tiago, muitos são os Peregrinos que se sentem impelidos a percorrer os Caminhos de Santiago, espalhados por toda a Europa, com especial incidência na Península Ibérica.

Ainda que a tradição da peregrinação remonte ao século IX, o Caminho de Santiago atingiu o máximo esplendor nos séculos XI e XII, tendo sofrido um período de estagnação na Idade Média, e após a Contra-Reforma, no início do século XVII, por Portugal, retomou o período de esplendor. Desde o século XIX, o Caminho de Santiago tem recuperado grande protagonismo, tendo sido classificado como Primeiro Itinerário Cultural Europeu, em 1987, e Património da Humanidade, em 1993 (Espanha) e em 1998 (França), além de outras atribuições significativas.

Na última década, o Caminho de Santiago ganhou um grande impulso, fruto do trabalho das autoridades espanholas e também de particulares que promovem o Caminho e tudo aquilo que pode ser oferecido aos Peregrinos, como por exemplo os Albergues, áreas de restauração, património cultural e natural, entre outras valências.

Em Portugal, a rede de Caminhos de Santiago é relativamente vasta, destacando-se duas principais vias: a do litoral e a do interior. No primeiro caso, o Caminho encontra-se devidamente sinalizado, desde 2006, de Lisboa a Santiago, que entra em Espanha por Tui; no segundo caso, o Caminho ainda não está marcado nem tão pouco divulgado.

Segundo alguns estudos e publicações, o Caminho Português Interior de Santiago liga Viseu a Chaves, atravessando o território dos Concelhos de Viseu, Castro Daire, Lamego, Peso da Régua, Santa Marta de Penaguião, Vila Real, Vila Pouca de Aguiar e Chaves, sendo que neste último Concelho o trilho cruzaria a fronteira, ligando à Via da Prata (percurso que inicia em Sevilha), em direcção a Santiago de Compostela.

Desde o início do ano de 2010, o Município de Viseu tem vindo a trabalhar em parceria com aqueles Municípios, no sentido de recuperar, reabilitar e dinamizar o Caminho Português Interior de Santiago, tendo firmado o seu compromisso através da assinatura do protocolo de colaboração, celebrado a 7 de Abril de 2011, em Vila Pouca de Aguiar.

No caso de Viseu, o Caminho Português Interior de Santiago atravessa cerca de 40kms do território municipal (no sentido norte-sul, as Freguesias de Farminhão, S. Cipriano, S. Salvador, Coração de Jesus, Santa Maria, S. José, Abraveses, Campo, Lordosa e Calde) com especial incidência em zona rural, promovendo a recuperação e utilização de caminhos romanos, medievais e agrícolas, além de contribuir para a valorização e dinamização do património e cultura locais.

Paralelamente e graças à instalação e recuperação de edifícios, o percurso será dotado de Albergues de Peregrinos, instalados em zonas rurais e zonas verdes, onde os Peregrinos poderão usufruir de local de pernoita e de descanso.

Neste momento, o projecto encontra-se em estado avançado de execução, estando concluídos os trabalhos de levantamento no terreno, levantamento cartográfico e por gps, levantamento da sinalética e levantamento fotográfico. Entretanto, aguarda-se o resultado da candidatura à medida 3.2.1. – PRODER, à qual o projecto foi submetido.

Os trabalhos de limpeza do Caminho já se iniciaram e, em breve, será iniciado o processo de marcação do Caminho e da reabilitação dos Albergues de Peregrinos.

Assinalando-se no próximo dia 25 de Julho, segunda-feira, o dia de S. Tiago, o Município de Viseu evoca este dia com o lançamento de um pequeno filme relativo ao Caminho de Santiago, apresentando o trilho e algumas fotografias do percurso municipal, esperando em breve anunciar a data da inauguração do Caminho.

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2 comentários

  1. Bom trabalho! É urgente completar a rede de caminhos de Portugal que tem estado centrada quase só na divulgação do Caminho Português, considerado nesta denominação a ou as vias que acompanham o litoral português, com denominações ajustadas às diversas variantes. Essa em cuja marcação agora trabalham é uma das vias importantes, que juntam em Viseu não só a que vem do Sul mas também a que se desvia da que segue a fronteira desde Vila Real de Santo António e que, em alternativa à que continua por Foz-Coa, se aparta daquela e segue por Moimenta da Beira e Lamego. Mas também não podemos esquecer a que entra em território nacional por Quintanilha, vinda de Zamora, passa por Bragança e liga a Chaves ou directamente a Ourense. Esta utiliza o percurso da Via Militar XVII a Sul, passa depois ao ramal Norte da mesma via seguindo por Ervedosa e Rebordelo a caminho de Chaves, ou, atravessando as aldeias, cortando em Vilar de Peregrinos na direcção de Segirei e Soutochão até Verín. Há ainda muito que fazer neste campo para recuperar estes traçados que até estão expressos em vários mapas dos Caminhos de Santiago, embora de forma dispersa. Curioso é o facto de aparecerem em publicações estrangeiras e não se verem relevadas como merecem nas nacionais!
    Por isso louvo o vosso trabalho e espero que, em união de esforços para um mesmo objectivo, acompanhem também o desejo que acalento de ver recuperados todos os itinerários Compostelanos do interior junto à fronteira, não deixando cair no esquecimento não só a sua existência como também os testeminhos vivos que ainda restam dessas rotas de peregrinação. Sobre o Caminho de Zamora – Bragança – Santiago defende um estudioso espanhol que deveria ter sido a primeira rota dos caminhos de Santiago a partir do Sul por ser o caminho mais curto entre Sevilha e Santiago numa altura em que ainda não existia divisão política entre estes territórios.
    Força companheiros peregrinos! Ultreia! Suseia!

  2. Estou seriamente a pensar fazer este troço na próxima Páscoa, começando na 6ª feira e terminando, mais tardar, no Domingo. Só que, uma vez que o caminho é novo e até os albergues o são, há muito pouca informação disponível e a minha insegurança ainda é considerável. Se alguém souber de detalhes concretos sobre o caminho, ficar-lhe-ia muito grato. Cumprimentos.

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