Na terça-feira, 12 de Julho, às 21h45, o Festival Internacional de Música da Póvoa de Varzim (FIMPV) irá apresentar dois grandes solistas contemporâneos, Isabelle Faust (violino) e Alexander Melnikov (piano). O concerto será no Auditório Municipal, às 21h45.
Pela segunda vez convidado pelo FIMPV, o reconhecido duo protagoniza a apresentação de uma obra-prima raramente tocada em Portugal – a Sonata op. 36a de Ferrucio Busoni. A completar o programa, sonatas de Robert Schumann e de Beethoven (a integral das Sonatas para violino e piano deste último, publicada em 2009, foi galardoada com o “Choc” de “Classica”, o “Preis der deutschen Schallplattenkritik, o “ECHO Deutscher Musikpreis” e o “Gramophone Award”).
Isabelle Faust
Isabelle Faust adopta, na música, uma perspectiva cuja focagem principal é a renovação de experiências e descobertas. Tendo fundado um quarteto de cordas aos onze anos, as suas juvenis experiências na música de câmara imbuíram-na da convicção de que interpretar é um processo de dar e receber, sendo o acto de ouvir tão importante como a expressão da sua própria personalidade.
A vitória no Concurso Leopold Mozart de 1987, aos 15 anos, abriu-lhe a perspectiva da carreira de solista. No entanto, os princípios iniciais adquiridos na juventude como cultora da música de câmara permaneceram fortes. Em Christoph Poppen, o primeiro violino de longa data do Cherubini Quartet, Faust encontrou um professor que partilhava e alimentava as suas convicções musicais. Ao interpretar sonatas e concertos, Faust constantemente procurava o diálogo e a troca de ideias musicais. Depois de vencer o Concurso Paganini de 1993, foi viver para França onde desenvolveu o gosto pelo repertório gaulês, particularmente a música de Fauré e Debussy. A sua primeira gravação – Sonatas de Bartók, Szymanowski e Janácek – chamou a atenção internacional; progressivamente aprimorou a sua fluência em muitas das mais importantes peças de repertório violinístico.
Em 2003, Faust publicou a primeira gravação de uma obra romântica para orquestra, o Concerto para violino de Dvorák. Tendo primeiro interpretado o concerto aos 15 anos sob a direcção de Yehudi Menuhin, a obra permaneceu como um dos pilares do seu repertório. A publicação do Concerto para violino de Beethoven em 2007 também reflecte a sua imersão na prática da interpretação historicamente informada – não dogmaticamente mas usada como um desafio e incentivo para reavaliar a substância de cada nota, visando compreender os seus propósitos e significados. Para Faust, a importância final do diálogo musical deve estabelecer uma linguagem comum entre intérpretes, possibilitando aos artistas tocar um concerto de Mozart com um agrupamento como o Concerto Köln tão convincentemente como com uma grande orquestra sinfónica.
É precisamente esta disponibilidade para se abrir aos diversos idiomas musicais que fez de Isabelle Faust uma solicitada intérprete da música contemporânea. A listagem de compositores cujas obras estreou vai de Olivier Messiaen a Werner Egk e Jörg Widmann. É uma ardente entusiasta da música de György Ligeti, Morton Feldman, Luigi Nono e Giacinto Scelsi, assim como de obras esquecidas, como o Concerto para violino de André Jolivet. Em 2009 estreou obras que lhe foram dedicadas pelos compositores Thomas Larcher e Michael Jarrell.
Faust pode ser ouvida com o seu parceiro em dueto, o pianista Alexander Melnikov, na procura de interpretações do repertório camerístico, em gravações da harmonia mundi. Pela gravação do ciclo completo das sonatas de Beethoven, foram galardoados com o Choc de Classica, o Preis der deutschen Schallplattenkritik, o ECHO Klassik Award e o Gramophone Award. A sua última gravação a solo das Partitas e Sonatas de Johann Sebastian Bach foi premiada com o Diapason d’Or do ano 2010 entre outros.
Um número crescente de orquestras e chefes de orquestra têm vindo a apreciar a arte de Isabelle Faust: Claudio Abbado, Charles Dutoit, Daniel Harding, Heinz Holliger, Mariss Jansons, as Filarmónicas de Berlim e Munique, a Orchestre de Paris, a Boston Symphony Orchestra, as BBC Orchestras e a Mahler Chamber Orchestra são alguns dos exemplos da frutuosa parceria artística que emergiu nos anos mais recentes. Estes músicos e agrupamentos têm vindo a admirar a mestria de Isabelle Faust: mais do que o mero domínio do seu instrumento e do seu repertório, experimentando e explorando profundamente as diversas configurações da música no âmago do seu trabalho.
Isabelle Faust toca no Stradivarius Sleeping Beauty de 1704, cedido pelo L-Bank Baden-Württemberg (Alemanha).
Alexander Melnikov
Alexander Melnikov é um dos mais reputados pianistas russos da sua geração. Nasceu em Moscovo em 1973 e iniciou estudos musicais aos 6 anos, na Escola Central de Música (Moscovo), tendo-os prosseguido no Conservatório Tchaikovsky de Moscovo, onde foi graduado em 1997 na classe do Prof. Lev Naumov. Mais tarde completou a sua pós-graduação em Munique, com Elisso Wirssaladze e na Fondazione per il Pianoforte (Lago di Como, Itália) onde beneficiou das lições de Andreas Staier e Carl-Ulrich Schnabel, entre outros. Ainda estudante, foi vencedor de vários prémios em importantes concursos internacionais (Schumann, Zwickau em 1989 e Queen Elisabeth, Bruxelas em 1991 entre outros). Iniciou a sua carreira internacional pouco tempo depois.
Alexander Melnikov colabora com orquestras como a Nacional Russa e Filarmónica de Tóquio sob direcção de Mikhail Pletnev, a Gewandhaus de Leipzig e a Philadelphia Orchestra dirigida por Charles Dutoit, a Filarmónica de Roterdão (Valery Gergiev), Filarmónica de São Petersburgo (Yuri Temirkanov) bem como a Orquestra Real do Concertgebouw, a Sinfónica da NHK, a Filarmónica e a Sinfónica da BBC, entre outras. Também toca fortepiano, colaborando regularmente com a Concerto Koeln e Philippe Herrewege.
Em recital, Melnikov apresenta-se regularmente nas mais importantes salas do mundo, como a Concertgebouw, Santory Hall, Alte Oper Frankfurt, Queen Elisabeth e Théâtre Musical de Paris Le Chatelet. Melnikov tem profundas ligações artísticas com o Sviatoslav Richter dos últimos anos, que regularmente o convidava para participar nos seus Festivais de Moscovo (Noites de Dezembro), e no festival de música de câmara da Grange du Meslay (Tours, França).
A música de câmara desempenha importante parte das actividades de Melnikov. Entre 1993 e 2003 colaborou intensamente com Vadim Repin, e actualmente integra o bem sucedido duo com Isabelle Faust. Colabora também com Natalia Gutman, Yuri Bashmet, Alexander Rudin, Pieter Wispelwey e Jean-Guihen Queyras. Em duo de piano também se apresenta regularmente com Andreas Staier, Boris Berezovsky e Alexei Lubimov.
Melnikov distinguiu-se como Artista da New Generation de 2000 a 2002 e é radiodifundido regularmente através da BBC Radio 3 em recital e em música de câmara e toca e grava com as Orquestras da BBC.
Grava desde 2004 para a Harmonia Mundi (França) e publicou CDs com música a solo de Brahms, Rachmaninow e Scriabin, bem como música de câmara com Isabelle Faust, Jean-Guihen Queyras e Teunis van der Zwart. A gravação da integral das Sonatas de Beethoven para violino e piano (com Isabelle Faust) obteve o Choc da revista Classica. Em Maio de 2010 foi publicada a gravação a solo dos Prelúdios e Fugas de Shostakovich.