No âmbito das comemorações do bicentenário do nascimento do Arcebispo D. João Crisóstomo de Amorim Pessoa (1810-1888), está patente ao público, no átrio da Biblioteca Municipal, uma exposição de algum do espólio que pertenceu a esta ilustre figura cantanhedense.
A exposição é promovida pela Santa Casa da Misericórdia de Cantanhede, com o apoio do Município, e integra cerca de duas dezenas de peças, entre as quais um retrato a óleo de grande dimensões, várias peças de vestuário religioso usadas em diferentes cerimónias, designadamente dois véus de ombros, quatro paramentos litúrgicos compostos por casula, estola e manípulo, e quatro porta-corporais.
Até ao último dia da exposição, os visitantes terão ainda a possibilidade de realizar uma visita guiada à Sala Amorim Pessoa, onde se encontra o espólio bibliográfico pessoal do Arcebispo, legado por sua vontade à Biblioteca após a sua morte.
Esta mostra pode ser visitada até ao próximo dia 9 de Janeiro de 2011.
Arcebispo D. João Crisóstomo de Amorim Pessoa (1810-1888)
Nasceu em Cantanhede, em 14 de Outubro de 1810.
Enquanto Pároco de Cantanhede, prosseguiu os estudos na Universidade de Coimbra, onde obteve o grau de Doutor em Teologia, em Julho de 1850. É também nesta Universidade que exerce a docência como “lente”.
Foi Provedor da Santa Casa da Misericórdia de Cantanhede em 1852 e 1853.
Após a ordenação episcopal a 30 de Junho de 1859, foi nomeado Bispo da Diocese de Cabo Verde (1859) e Arcebispo de Goa (1860) e de Braga (1874).
Pelos serviços prestados em Goa, o Governo de Portugal atribuiu-lhe a Grã-Cruz da Ordem Militar de Nosso Senhor Jesus Cristo (Decreto de 4 de Fevereiro de 1875).
Pede a resignação, que foi aceite pelo Papa a 13 de Março de 1883, continuando a administrar a arquidiocese até à tomada de posse do novo Arcebispo, D. António José de Freitas Honorato.
Faleceu em 25 de Dezembro de 1888, no solar da Quinta das Cabanas, em Braga, e o seu corpo está depositado no túmulo situado no átrio da Igreja da Misericórdia, em Cantanhede.
Grande humanista, por testamento, feito pouco tempo antes de morrer, instituiu como única e universal herdeira a Irmandade da Santa Casa da Misericórdia de Cantanhede, com a obrigação, entre outras, de mandar construir um novo hospital, que foi inaugurado em 28 de Junho de 1896, com o seu nome, com o propósito de prestar assistência médica e hospitalar a todos, permitindo fazer chegar cuidados de saúde também aos mais pobres.
À Câmara Municipal de Cantanhede legou o seu espólio bibliográfico pessoal, que se encontra numa sala com o seu nome na Biblioteca Municipal, e à Universidade de Coimbra legou os seus manuscritos encadernados, guardados na Biblioteca Geral.
Em 25 de Julho de 1990, a Câmara Municipal de Cantanhede homenageou-o ao atribuir a Medalha de Ouro do Município à Santa Casa da Misericórdia como tributo póstumo ao prelado, e procedendo à atribuição do seu nome a um largo em Cantanhede, onde se encontra o monumento que contempla o busto do Arcebispo.