Grácia Nasi: um símbolo de combate pela liberdade nomeadamente religiosa. Esta foi a principal mensagem deixada por Esther Mucznik na sessão de apresentação do seu livro, no passado sábado, no Diana Bar.
Estiveram presentes Luís Diamantino, Vereador do Pelouro da Cultura, e Margarida Delgado, que apresentou a autora. O responsável pela Cultura congratulou a presença de Esther Mucznik na nossa cidade afirmando que “é bom termos livros diferentes, a falar de coisas diferentes e que tragam públicos diferentes”.
A Vice-Presidente da Comunidade Israelita de Lisboa esteve na Póvoa de Varzim a falar sobre a sua obra que tem como protagonista uma “judia portuguesa do século XVI que desafiou o seu próprio destino”. A escritora explicou que “a história de Grácia Nasi não é individual mas colectiva porque ela representa no mais alto grau o espírito dos judeus dos séculos XV e XVI designados de cristãos novos”. Segundo a autora, “foi uma verdadeira tragédia que se abateu sobre eles visto que foram obrigados a uma conversão forçada, ficando com dupla identidade”. Na sua opinião, este facto foi “extraordinariamente doloroso mas os cristãos novos souberam transformar essa dor em força” e assumem um papel muito importante a nível intelectual, científico, cultural e económico dando um contributo muito positivo ao mundo.
Também no mundo empresarial, Grácia Nasi foi uma referência, revelou Esther Mucznik. Viúva aos 25 anos, herdeira de um império comercial e de uma incalculável riqueza cobiçada por todos, Grácia Nasi torna-se numa verdadeira mulher de negócios, assumindo com grande astúcia o seu espírito pioneiro e empreendedor. Grácia Nasi percorre o mapa da Europa, passando por cidades como Antuérpia e Veneza, até chegar ao Império Otomano, onde finalmente pode praticar a sua fé às claras, sem recear qualquer perseguição. “É em Istambul, com mais de quarenta anos, que assume pela primeira vez na sua vida a identidade judaica”, continuou Esther Mucznik referindo que “o que norteou toda a sua vida foi a intensa fidelidade às raízes judaicas”. “Esta mulher nunca interiorizou a fé que era obrigada a aparentar”, afirmou. É também em Istambul que se dedica a ajudar os seus correligionários a escapar à Inquisição, apoia o estudo e o ensino religiosos, bem como a edição de Bíblias e estende a mão aos mais necessitados. Aqui se revela a faceta solidária e de infinita compaixão de Grácia Nasi, com intensa actividade benemérita ao longo da sua vida, acrescentou Esther Mucznik.